20 outubro 2006

JAMANTA & MUNCHAUSEN


É difícil, muito difícil, competir com quem não tem o menor respeito pelas regras mais simples, pelas normas mais comezinhas, pelos mais básicos padrões civilizatórios. Gente dessa laia não mede as conseqüências dos atos que pratica para atingir seus objetivos. Em seu universo paralelo, distante e estranho ao da ética, importante é ganhar, feio é perder!

Analisada por esse prisma, a aliança envergonhada (por absurda) entre Lula e Amin até faria algum sentido. Afinal, ambos usam e abusam de seus carismas para, sob sua sombra, urdirem as mais cavernosas trapaças eleitoreiras e, sob seu manto, espezinharem a lógica, descartando-a como um piano de cauda herdado, que não cabe na exígua sala dos seus pensamentos.


Apanhada de surpresa com o advento do 2° turno, a estratégia clean da campanha lulo-petista foi abandonada, surgindo em seu lugar a máquina de lavagem cerebral. Uma das suas armas mais potentes - pois inventada, “plantada”, cultivada e “comprada” há anos, primeiro pela “intelequitualidade” engajada e, depois, pela mídia “politicamente correta” -, é a satanização das privatizações.

Exemplo típico da lógica de quadrilha, esse mantra, recuperado do lixão da História e reciclado nas catacumbas petistas, volta como um fantasma para assombrar a candidatura Alckmin. Lógica capenga, pois não dá conta de explicar a inexistência de uma auditoria para investigar tudo de “errado” que, durante anos (e agora de novo) diziam haver de errado no que chamavam (e voltam a chamar) de “privataria”, neologismo que tenta fazer a simbiose entre privatização e pirataria. E não fizeram auditoria porque nada há de errado. E se houvesse, a lógica mandaria considerar os petistas como cúmplices, acobertadores, negligentes ou prevaricadores, não há terceira saída.


Outro viés ilógico dessa lógica canhestra utilizada pela súcia petista é tentar justificar a insistência em carimbar Alckmin como privatista, mesmo ele negando e renegando, com o risível argumento de que “o partido dele só sabe fazer isso”. Ora, como dizem os caboclos, “pau que bate em Chico, bate em Francisco”. Então, obedecendo à mesma lógica intuitiva e primitiva, seria lícito dizer que Lula vai continuar roubando, quebrando sigilos de caseiros, carregando dinheiro em cueca, traficando dossiês fajutos, pois “o partido dele só sabe fazer isso”.


De negativo, em relação às privatizações, não existe nada, rigorosamente nada, de concreto, apenas a espuma venenosa da baba gramsciana que os petistas tão bem souberam infiltrar nas mentes porosas dos desavisados, crentes ou ingênuos. Já em relação ao banditismo da quadrilha que assaltou o poder junto com Lula, as provas abundam, seja na imprensa, nas CPIs, no Ministério Público ou na Polícia. O que nos leva à seguinte questão: o que é melhor, a “privataria” ou a pirataria? Sim, pois é disso que se trata. Um entrou nas estatais pela porta da frente e, num processo público, aberto e transparente, fez o que seus inimigos tacharam de “privataria”. Outro permitiu que se invadisse as estatais arrombando a porta dos fundos e dilapidando o seu patrimônio, especialmente o ético, moral, institucional. O resto é lavagem cerebral...


Amin (que também nesse quesito está na má companhia de Lula) prefere atacar a lógica e o bom senso através da estatística (que, diz a piada, é como o biquíni: mostra muito, mas esconde o essencial). Ambos escolhem, moldam, lapidam e distorcem dados e números para se dizerem os únicos que um dia fizeram alguma coisa de positivo. Um não se cansa de repetir que “nunca antes NestePaiz” se fez tanto; outro, prefere jactar-se de ser donatário de um passado irretocável e proprietário de um futuro tão aprazível quanto facilmente realizável, amaldiçoando apenas o presente, que acredita ter-lhe sido usurpado por infiéis que ousaram não reconhecer-lhe a titularidade do feudo.


Ambos são farsantes, oportunistas, autoritários, ilusionistas, ególatras, demagogos e populistas. Mas há um traço bastante dessemelhante entre ambos. Enquanto um tem uma incrível capacidade de não saber nada, não ouvir nada, não perceber nada, como aquele Jamanta da novela,
o outro acredita saber de tudo, o que o faz dizer bobagens, sandices e mentiras com uma solenidade digna de um barão de Munchausen.


Ambos se merecem.

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