Os Inimigos de Meus Inimigos
João Costa - 2005
O balanço de poder foi definitivamente alterado – ou melhor, tal alteração foi reconhecida como fato –; pequenos países ou mesmo organizações privadas, apoiadas por tecnologias baratas e facilidades comerciais, adquiriam poder para desestabilizar e pôr de joelhos Estados mais desenvolvidos economicamente. Outrossim, o ciclo de transformação da própria acepção e mecanismos do terrorismo parece ter finalmente sido terminado, quando as forças aparentemente desconexas – que viriam incitar o terrorismo desde os primórdios da Revolução Francesa – iriam ser integradas através de uma bandeira comum: o ódio ao ocidente em geral e à América em particular.
O terrorismo moderno é uma característica inseparável do mundo civilizado porque, primeiramente, depende dele para poder existir. É impossível conceber uma organização terrorista ativa e eficaz no contexto da Alemanha Nazista , da Rússia Stalinista ou, para citar um exemplo atual, do Iraque até então governado por Saddam Hussein ou da Cuba de Castro – a não ser, é claro, se patrocinada pelo próprio Estado Totalitário. Todavia, se o terrorismo depende de um grau de liberdade para poder sobreviver – e se sua intenção maior é a destruição da própria liberdade – obviamente isso implicaria que o terrorismo seria, em essência, autodestrutivo.
Ledo engano, os terroristas vitoriosos de hoje – ou mesmo alguns aparentemente derrotados – serão os homens de estado de amanhã. O Brasil é um exemplo clássico, com sujeitos como José Dirceu, José Genoíno e Fernando Gabeira hoje agarrados firmemente às tetas do poder.
A razão para tanto é a máxima do conquistador persa Hassan bin Sabbah Homairi (um dos heróis de Osama Bin Laden): “Os inimigos de meus inimigos são meus amigos”. Os que advogam a causa terrorista a tudo e a todos se unem no objetivo primeiro de destruir o inimigo. Como o terrorismo internacional hoje em dia é, por excelência, islâmico e já que o principal inimigo do terrorismo islâmico são os Estados Unidos no Ocidente e Israel no Oriente Médio, todas as demais forças convergem contra essas duas nações, trazendo no caminho uma série de organizações e instituições que quanto postas em conjunto dão poder inusitado ao terror.
A principal arma do terror, na atualidade, é o pensamento esquerdista. Seja a visão marxista da luta de classes, o maniqueísmo revolucionário que divide o mundo numa dicotomia vulgar e inflexível entre certo e errado, as idéias de Rousseau que valorizam ao extremo um modelo social fracassado, ou o pensamento politicamente correto que transfere o veneno marxista para todos os aspectos de nossa cultura.
Isso dá ao terrorismo um escudo moral de tamanha força que suas ações são antecipadamente perdoadas, enquanto todo esforço antiterrorista transforma-se no esforço de opressão dos poderosos contra os humildes, condenando-nos à paralisia dos derrotados.
A aliança entre as esquerdas internacionais e o Islã não deveria ser tão subestimada pelos especialistas, relegada a uma espécie de teoria da conspiração, quando a História está aí para provar, justamente, que há mais ligações perigosas entre o Islã e as esquerdas do que desconfia nossa vã filosofia.
Os ativistas islâmicos possuem enormes pontos comuns com os nazistas – ao contrário do que muitos pensam, um movimento tipicamente de esquerda –, não me refiro apenas ao anti-semitismo explicito (o desejo pela solução definitiva) e ao ódio contra a herança judaico-cristã, pilar de nossa civilização; o próprio entendimento e concepção da natureza da morte são semelhantes, como nos lembra Heitor de Paola em um brilhante artigo intitulado Islã: a conexão Nazista: “Os princípios que guiam as duas ideologias [o Islã e o Nazismo] são similares: a visão de um povo unido frente à dominação estrangeira – principalmente Ocidental – que traz deterioração moral e cultural. Ambas são ligadas, de forma bastante semelhante, à morte pelo martírio como instrumento de depuração sacrificial. A morte é vista como o supremo bem. Enquanto Hitler se baseava nas velhas lendas inspiradas nas sagas dos Nibelungen, do Valhalla como campo dos heróis nacionais mortos em combate, das Valkírias, e da superioridade do Homem Nórdico, o Islã se baseia nas lendas de Sinbad, nos Cavaleiros Árabes e do Rubayyat de Omar Kahyyam, povoadas de guerreiros e mortais que desafiam os deuses pela glória da morte pelo martírio”.
Porém, o que é ainda pior, é o fato de que a conseqüência lógica de tais idéias – o modo de depurá-las para torná-las instrumentos de ação – é a construção de um Estado totalitário e opressivo, o que tem sido visto em todas as sociedades islâmicas.
A Revolução Iraniana de 1979 foi um fenômeno essencialmente antiocidental, marcando o início de uma luta sem trégua entre os radicais islâmicos e os “infiéis” do ocidente. Contudo, foi aplaudida pelas esquerdas em todo o mundo como expressão do direito de autodeterminação dos povos. Não preciso nem lembrar que os organizadores de tal revolução estudaram quase todos em universidades ocidentais, tendo assim, bebido do veneno comum de vários dos mais sanguinários ditadores na África e Ásia, o Marxismo. Que ao invés da classe operária, os clérigos tomem todo o poder e destruam todos os vestígios da sociedade “burguesa” isto é um mero detalhe técnico. Por fim, vemos hoje Irã e Cuba trabalhando conjuntamente em diversos níveis, mas com um propósito fixo. Em sua visita ao Irã, em 2001, Fidel Castro declarou que juntos, Irã e Cuba, poderiam vencer os EUA. Tal aliança só é concebível porque as diferenças entre estes países são apenas superficiais, ambos são ditaduras corruptas que desrespeitam os direitos humanos e que pretendem servir de modelo para uma revolução em escala muito maior.
Visto que os ativistas islâmicos e as esquerdas não são forças antitéticas, podemos observar que a esquerda serve ao terrorismo islâmico primeiramente – mas não somente – em três níveis: acadêmico, jornalístico e diplomático.
Em termos acadêmicos, vemos a dificuldade mesma de definir o que é terrorismo. Quando vários estudiosos insistem na doentia concepção de que terroristas e freedom fighters sejam conceitos intercambiáveis. O problema aí reside na influência marxista que acaba por induzir os estudiosos a enxergarem o terrorismo como um movimento revolucionário das massas, o que é uma mentira das mais deslavadas. O terrorismo, especialmente o islâmico, é, de fato, um movimento intelectual de elites. Das massas eles recebem nada mais do que carne de canhão para levar a cabo os seus propósitos.
Já em termos jornalísticos nós vemos a insistente apresentação das notícias sob uma duplicidade de critérios que só não é mais ofensiva porque a mentalidade das massas já foi anestesiada. No mundo em geral – mesmo na América – e no Brasil em particular a grande mídia se presta ao papel de ponta de lança das causas terroristas por, justamente, serem incapazes de apresentá-las à sociedade como tais. Isso se dá pela influência acadêmica que, desde cedo, prepara jornalistas para serem agentes de transformação, que devem usar tudo ao seu alcance que possa favorecer as ideologias dominantes, inclusive manipular e ocultar informações. Os próprios militares brasileiros sentem isso na pele todos os dias.
Por último, vemos a questão diplomática. A ONU desde a década de sessenta é um celeiro de terroristas, seus debates, seus programas, sua própria raison d'être obedecem à lógica terrorista, disseminando anti-semitismo e antiamericanismo pelos quatro cantos do planeta, e buscando ao máximo impedir que se haja de forma mais dura contra países que apóiam abertamente o terrorismo. Todavia, a ONU nos é apresentada pela imprensa e pela intelligentsia como o que existe de melhor nas relações humanas, quando todos os crimes por trás desta organização são ocultados sistematicamente numa tentativa de pôr de joelhos até os mais poderosos estados.
É claro que terroristas islâmicos e esquerdistas de vários tipos não serão aliados para sempre. Suas diferenças, que hoje se encontram em estado de suspensão, tenderão a surgir com força total na medida em que seu poder político se expande, levando a um inevitável confronto de interesses. Haverá, obviamente, um momento de ruptura, caracterizado por extrema violência de ambos os lados.
Mas aí também já não mais importa, pois o ocidente – junto com os valores judaico-cristãos – já estará morto ou escravizado.
2 comentários:
Salve, Junqueira!
Agora seu blog está devidamente linkado.
abs
aluizio amorim
Excelente texto!
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