19 dezembro 2013

TRÊS BONS ARTIGOS DE RODRIGO CONSTANTINO SOBRE A INVEJA

Mais um texto para a série “a inveja como causa do socialismo”, dessa vez com base no excelente livro de Ayn Rand:

A fábrica da inveja

A lei moral de que o justo é tirar de cada um de acordo com sua habilidade e dar para cada um de acordo com sua necessidade corrompeu milhões de corações ao longo dos anos, e ainda o faz. No entanto, nada poderia ser mais imoral, injusto e ineficaz que este conceito. A novelista Ayn Rand fez um dos melhores retratos das conseqüências dessa máxima colocada em prática, no seu livro Atlas Shrugged, assim como expôs com perfeição os reais motivadores de seus defensores.

Na ficção, infelizmente nada distante da realidade de muitos, uma fábrica de motores decidiu votar um plano onde todos os funcionários iriam trabalhar de acordo com suas habilidades, mas o pagamento seria de acordo com as necessidades. Falaram que o plano objetivava um nobre ideal de justiça. Era chegada a hora de acabar com a ganância individual, com a busca pelo lucro, com a competição selvagem. Todos os trabalhadores seriam uma grande família, e o bem coletivo seria colocado à frente dos interesses particulares.

Um ex-operário relata como o plano funcionou. Tente colocar água num tanque onde há um duto no fundo drenando o líquido mais rápido do que você é capaz de enchê-lo, e quanto mais você joga água dentro, maior fica o duto. Quanto mais você trabalha, mais é demandado de você, até que suas horas trabalhadas multiplicam-se para que seu vizinho tenha sua refeição diária, a esposa dele tenha a operação necessária, sua mãe tenha a cadeira de rodas, o tio dele tenha a camiseta, o sobrinho a escola etc. Até pelo bebê que ainda não veio, por todos à sua volta, mais e mais é demandado de você, sempre em nome da “família”. A cada um pela necessidade, de cada um pela habilidade.

Foi necessário apenas uma reunião para perceberem que todos haviam se transformado em vagabundos pedindo esmolas, pois ninguém poderia reclamar um pagamento justo, não havia direitos e salários, seu trabalho não lhe pertencia, mas sim à “família”, e nada era devido em troca, sendo o único direito sobre ela a “necessidade”. Cada um tinha que demandar tudo, alegar misérias, pois suas misérias, não seu trabalho, tinham tornado-se a moeda de troca. Ninguém podia mais nada. Afinal, ninguém era pago pelo trabalho, pelo valor gerado, mas apenas de acordo com a “necessidade”. Em pouco tempo, sendo a necessidade algo subjetivo, todos passam a necessitar de tudo, e a “família” experimenta enorme crescimento de ressentimento mútuo, trapaças, mentiras. A cirurgia da mãe do vizinho passa a ser vista com desconfiança, pois seu trabalho que paga a conta. Cada nova demanda através do apelo de “necessidade” gera mais intrigas e brigas.

Bebês foram o único item de produção em alta, pois ninguém tinha que se preocupar com os custos dos cuidados de um filho, já que a conta recaía sobre a “família”. Além disso, não havia muito o que fazer, pois a diversão era vista como algo totalmente supérfluo, um dos primeiros itens a ser cortado em nome da “necessidade” de todos. A diversão passa a ser vista quase como um pecado. Um dos meios mais fáceis de se conseguir um aumento no pagamento era justamente pedir uma permissão para ter filhos ou alegar alguma doença grave.

Não há meio mais seguro de destruir um homem que forçá-lo a um mecanismo de incentivo onde seu objetivo passa a ser não fazer o seu melhor, onde sua luta é por fazer um trabalho ruim, dia após dia. Isso irá acabar com ele mais rápido que qualquer bebida ou o ócio. A acusação mais temida era a de ser mais habilidoso que o demonstrado, pois sua habilidade era como uma hipoteca que os outros tinham sobre você. Mas para que alguém iria querer ser mais habilidoso, se seus ganhos estavam limitados pela “necessidade”, e suas habilidades significariam apenas mais trabalho pesado para que outros ficassem com os benefícios?  

A explicação dos motivos que levaram tal plano a ser aprovado está na passagem em que o ex-operário diz que não havia um único homem votando que não pensasse que sob tais regras poderia avançar sobre os lucros de outros homens mais habilidosos que ele. Não havia alguém rico ou esperto o suficiente que não achasse que alguém seria mais rico ou mais esperto, e que tal plano daria a ele uma parcela de sua maior fortuna ou cérebro. O trabalhador que gostava da idéia de que sua “necessidade” lhe daria o direito a ter o carro que seu chefe tinha, esquecia que todos os vagabundos do mundo poderiam demandar aquilo que ele tinha conquistado pelo seu trabalho. Este era o verdadeiro motivo para a aprovação deste plano igualitário, mas ninguém gostava de refletir sobre o assunto, e quanto menos gostavam da idéia, mais alto gritavam sobre o amor pelo bem geral.

A fábrica continuou perdendo os melhores homens, pois os habilidosos “egoístas” fugiam como podiam para lugares onde pudessem trabalhar pelos seus próprios interesses, sem terem o fardo de sustentar os parasitas. Em pouco tempo, não havia mais nada além dos homens “necessitados”, pois não tinha um único homem de habilidade. E a fábrica teve que começar a apelar para as suas necessidades tentando não perder todos os seus clientes, pois seus produtos não mais eram competitivos ou eficientes. Mas qual o bem que faz aos passageiros de um avião um motor que falha em pleno vôo? Se o produto for comprado não pelo seu mérito, mas por causa da necessidade dos empregados da fábrica ineficiente, seria isso correto, bom ou a coisa moral a ser feita pelo dono da empresa aérea? Se um cirurgião compra um equipamento não pela sua qualidade, mas pela necessidade dos funcionários do produtor, seria isso correto com seu paciente?

No entanto, é esta a lei moral pregada por vários líderes, intelectuais e filósofos do mundo. A cada um pela necessidade, de cada um pela capacidade. A fábrica da inveja, na brilhante novela de Ayn Rand, faliu, virou uma fábrica de miséria, assim como os países socialistas que tentaram adotar a mesma máxima de vida.
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Dando continuidade ao tema da inveja como causa do socialismo, segue mais um texto com base no mesmo livro de Helmut Schoeck já citado aqui.

A máscara da inveja

“A inveja é a paixão que vê com maligno desgosto a superioridade dos que realmente têm direito a toda a superioridade que possuem.” (Adam Smith)

O escritor argentino Gonzalo Otálora causou polêmica ao defender a cobrança de impostos das pessoas consideradas mais belas para compensar o “sofrimento” daqueles que supostamente foram menos favorecidos pela natureza. O escritor disse que sua iniciativa tem o objetivo de provocar um debate sobre o culto à beleza. Com um megafone, ele foi à frente da Casa Rosada reclamar os “direitos” dos feios. Esperava contar com o apoio do então presidente Kirchner, a quem classifica como “pouco atraente”. Otálora alega que os deboches sofridos na infância prejudicaram sua auto-estima e atrapalharam na conquista de melhores empregos. Em sua opinião, um dos assuntos que deveriam ser debatidos é a representação de “todos os tipos de constituição física” nos desfiles de moda. A inveja é alçada ao patamar de justiça, e a mediocridade é enaltecida enquanto o superior é condenado por suas virtudes, e não vícios.

Ainda que as demandas do argentino feioso pareçam absurdas – e são, elas no fundo representam apenas os ideais igualitários levados ao extremo de sua coerência. No fundo, um igualitário deveria pregar a igualdade plena, abolindo qualquer tipo de diferença entre os indivíduos. Aquele igualitário que prega uma distribuição de riqueza igual entre os indivíduos precisa aplaudir o apelo do argentino sob pena de ser acusado de materialista, caso não o faça. Ora, ficaria evidente demais que ele só pensa em dinheiro! Por que todos deveriam ter uma renda igual, mas rostos diferentes, podendo se destacar pela beleza num desfile? Onde estaria a igualdade? Na verdade, os igualitários, ou socialistas, pregam a igualdade das contas bancárias, assumindo involuntariamente que focam apenas nos bens materiais. Normalmente, são os primeiros a acusar os capitalistas de materialistas, mas só querem saber de dinheiro. Talvez porque demandar igualdade em outros campos tornaria o verdadeiro motivador de suas idéias aparente demais. E este motivador é conhecido: a inveja.

Na década de 1960, os igualitários ganharam força, levando George Orwell a escrever 1984, uma distopia que explorava a inveja na política. O Partido Trabalhista inglês, de esquerda, demandava uma sociedade de iguais “absolutos”. Uma novela satírica iria explorar esta “paixão anti-social”, como dizia Mill, no campo do cotidiano. O escritor inglês L. P. Hartley era o autor, e a obra chamava-se Facial Justice, comentada no excelente livro de Helmut Schoeck sobre o tema, intitulado Envy: a Theory of Social Behaviour. Na sátira, Hartley chega à conclusão lógica através das tendências do século passado, e expressada por Schoeck no seu livro, sobre a estranha tentativa de legitimar o invejoso e sua inveja, de forma que qualquer um capaz de despertar inveja é tratado como anti-social ou criminoso. Em vez de o invejoso ter vergonha de sua inveja, é o invejado que deve desculpas por ser melhor. Há uma total inversão dos valores, explicada apenas por uma completa aniquilação do indivíduo em nome da igualdade coletivista. Os seres humanos passam a ser tratados como insetos gregários, e o indivíduo que ousa se destacar passa a ser tratado como um inimigo da “sociedade”. O rico, ainda que tenha criado sua riqueza de forma honesta através de trocas voluntárias, é execrado pelos invejosos. O sucesso individual é um pecado!

A heroína da novela de Hartley chama-se Jael, uma mulher que, desde o começo, não se conforma com a visão igualitária, recusando-se a aceitar porque pessoas mais bonitas ou inteligentes deveriam se anular como indivíduos por causa da inveja alheia. A novela se passa no futuro, depois de uma Terceira Guerra Mundial, e as pessoas eram divididas de acordo com o grau de aparência. A meta era obter uma igualdade facial, pois a igualdade material não era suficiente para acabar com a inveja: alguns sempre terão algo que os outros não têm e invejam.* Havia um Ministério da Igualdade Facial, e a extirpação dos rostos tipo Alfa, os mais belos, não bastava, pois os rostos tipo Beta ainda estavam em patamar superior aos do tipo Gama. Enquanto todos não tivessem a mesma aparência, não haveria justiça. Ninguém poderia ser desprivilegiado facialmente. Hartley combate a utopia dos igualitários, mostrando que a igualdade financeira jamais iria abolir a inveja na sociedade. Durante sua vida, ele demonstrou aversão a todas as formas de coerção estatal.

No livro Teoria da Personalidade, o psiquiatra G. J. Ballone diz: “Todas as tendências ideológicas que enfatizam a igualdade dos seres humanos, num total descaso para com as diferenças funcionais, ecoam aos ouvidos despreparados com eloqüente beleza retórica, romântica, ética e moral. Transportando tais ideais do papel para a prática, sucumbem diante de incontáveis evidências em contrário: não resistem à constatação das flagrantes e involuntárias diferenças entre os indivíduos, bem como não explicam a indomável característica humana que é a perene vocação das pessoas em querer destacar-se dos demais”. O sonho com um mundo de iguais, como se homens fossem cupins, denota um escancarado complexo de inferioridade. As diferenças agridem este indivíduo, pois ele é incapaz de aceitá-las, provavelmente por detestar ver no espelho aquilo que o diferencia dos demais. A inveja toma conta de seus sentimentos, e a destruição dessas diferenças passa a ser sua meta. Como ele não suporta as conquistas alheias, ele demanda a mediocridade geral. Os coletivistas odeiam admitir que indivíduos possam fazer a diferença. A riqueza precisa ser explicada como um fatalismo coletivista, os méritos individuais precisam ser derrubados, as escolhas individuais cedem lugar ao determinismo, tudo para anular o indivíduo enquanto indivíduo, substituindo-o pelo coletivo.

Em resumo, o que está por trás do igualitarismo é apenas a inveja mesquinha. O socialismo não passa da idealização da inveja. O foco desses igualitários costuma ser somente o material por dois aspectos: é inviável pregar de fato a igualdade facial, por exemplo; e fazê-lo iria rasgar de vez a máscara da hipocrisia que cobre seus apelos invejosos do mais “nobre” altruísmo. Mas a lamentável verdade é que igualitários não suportam as diferenças. E como os indivíduos, felizmente, são diferentes, parece evidente que existirão vários graus distintos de beleza, inteligência, altura, velocidade, talento musical e sim, também renda. Para Bill Gates ficar bilionário, ele não teve que tirar nada de ninguém. Foram os consumidores que, voluntariamente, julgaram os produtos de sua empresa valiosos, pois criavam valor para eles. Logo, não há motivo algum para que o governo meta suas garras na fortuna de Gates de forma compulsória, em nome da “igualdade”. Ele tem o direito de ser bem mais rico que os outros. Aqueles que não aceitam isso, desejando um imposto extorsivo sobre sua fortuna, podem tentar mascarar seu motivador com a desculpa que quiserem, mas isso não mudará o fato de que, por trás dessa máscara, reside somente a abominável inveja daqueles que não são capazes de admirar o sucesso alheio.     

* No filme Círculo de Fogo, que conta a história de um soldado russo que precisa enfrentar um sniper enviado pelos nazistas especialmente para matá-lo, isso fica bem evidente quando um companheiro político, interpretado por Joseph Fiennes, acaba traindo Vasily Zaitsev, o soldado russo interpretado por Jude Law. Sua constatação, quando realiza sua traição, expressa a essência da mensagem. Ele descobre que sempre haverá algo no vizinho que desejamos, mas não possuímos, independente da igualdade material. No caso do filme, trata-se do amor de uma mulher, disputada por ambos. A inveja é uma característica da pessoa, não fruto das desigualdades em si, que sempre existirão.  

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Ainda no tema da inveja como principal força propulsora das ideias igualitárias do socialismo, segue uma resenha que escrevi sobre o ótimo livro de Helmut Schoeck, que recomendo na íntegra. É preciso desmascarar as “intenções nobres” da esquerda, que servem apenas para mascarar o mais mesquinho dos sentimentos humanos.

Invidia: o socialismo como a idealização da inveja

“Envy is a drive which lies at the core of man’s life as a social being, and which occurs as soon as two individuals become capable of mutual comparison.” (Helmut Schoeck)

A inveja é um sentimento com profundas conseqüências para o progresso da humanidade, e caso não seja devidamente domesticada, pode limitar bastante nossos avanços. O filósofo austríaco Helmut Schoeck escreveu um brilhante livro sobre o tema, chamado Envy: A Theory of Social Behaviour. Seu trabalho deveria ser lido por todos, principalmente por aqueles que defendem uma utopia na qual seria possível construir uma sociedade igualitária, desprovida da inveja. O autor deixa claro, com sólidos argumentos e vasta experiência empírica, que não só é impossível a construção de tal sociedade, como o motivador de seus defensores é muitas vezes a própria inveja.

Em primeiro lugar, é interessante traçar as diferenças entre a inveja e o ciúmes. No caso deste, uma terceira pessoa está envolvida, e o ciumento pretende preservar algo que considera sua propriedade. Ele quer preservar seu ativo de terceiros. Já no caso da inveja, há um impulso destrutivo, onde o outro não ter algo é mais importante que tudo. A eliminação do próprio ativo passa a ser o objetivo. A inveja se mistura muito com o ressentimento, fruto de um sentimento de inferioridade, onde a desgraça alheia é mais importante que a satisfação pessoal do invejoso. Se um vizinho quebrar a perna, o invejoso irá regozijar-se, ainda que isso não faça ele andar melhor. Se um rico for à bancarrota, o invejoso irá comemorar, ainda que isso não o faça mais rico. O homem intensamente invejoso pode inclusive ser possuído pelo desejo de autodestruição, incapaz de tolerar que outros saibam aproveitar a vida e demonstrar felicidade.

Helmut conclui pontos interessantes sobre a inveja, como o fato de mínimas diferenças serem suficientes para despertar muita inveja no homem invejoso, ou que normalmente a inveja está mais atrelada à proximidade das pessoas. Em outras palavras, um não precisa ser um miserável para invejar um rei, sendo mais provável a inveja surgir entre empregados de um mesmo nível onde um deles recebeu um aumento relativo ou um elogio do chefe. Isso derruba o sonho dos igualitários em criar uma sociedade onde todos fossem materialmente iguais, como se isso pudesse eliminar a inveja do mundo. Pelo contrário, em tais sociedades – caso pudessem existir – a inveja seria de um nível bastante elevado, onde um simples agrado de alguém, o olhar de uma mulher, uma mísera demonstração de superioridade intelectual, faria despertar uma inveja incontrolável no invejoso.

No livro, o autor vai buscar os indícios de inveja – e os mecanismos desenvolvidos para evitá-la – nas sociedades mais primitivas que se tem conhecimento. A crença na magia negra, por exemplo, teria pouca diferença da fé socialista de que o pobre é pobre por ser explorado pelo patrão, ou a crença das nações subdesenvolvidas de que assim estão por culpa das nações mais ricas. O uso de algum bode expiatório, seja a magia negra, o desejo dos deuses ou o capitalismo explorador, serve para consolar aqueles invejosos que não suportam o sucesso alheio explicado por mérito ou alguma superioridade qualquer em relação a si próprio. Se o vizinho teve uma colheita melhor, não pode ser pela sua maior eficiência e produtividade, pois isso seria um atestado de superioridade que o invejoso não está disposto a dar. Diferente daquele que observa e admira o sucesso alheio, o invejoso vai buscar refúgio nas “explicações” fantasiosas, como o uso da magia pelo vizinho, a sorte, o destino traçado pelos deuses etc.

Se todos possuem, em diferentes graus, o sentimento de inveja, a busca de proteção contra o invejoso, o “mau olhado”, sempre esteve presente nas diferentes culturas também. Quanto mais uma sociedade conseguiu controlar os invejosos e dar mais espaço e liberdade para os inovadores, mais progresso atingiu. A alocação de escassos recursos não é eficiente quando o medo da inveja alheia é grande demais. Se o fruto do sucesso será tomado por medidas claramente invejosas como o imposto progressivo, deixam de existir os incentivos adequados para que o empreendedor se arrisque. Se as desigualdades não são toleradas, se alguém souber a priori que seu sucesso será motivo de forte inveja por parte de seus vizinhos, as realizações pessoais serão ínfimas, e por conseguinte a da sociedade em questão também.

Por isso que as comunas israelenses, os kibbutzin, jamais seriam capazes de evoluir da subsistência agrária, e o pouco avanço existente vem emprestado de fora, dos países industriais capitalistas. O socialismo, a pura idealização da inveja, onde todos devem ser iguais como os insetos gregários são, seria a vitória da mediocridade sobre o talento, sobre as conquistas individuais. Numa sociedade igualitária, a inveja derrota o sucesso, as realizações pessoais. Eis o ideal dos invejosos, que trabalham para incutir um forte sentimento de culpa naqueles que, de alguma maneira, destacaram-se na sociedade. Temendo a inveja alheia, muitos desses sucumbem também ao sonho – ou pesadelo – igualitário.

Com isso em mente, deixo a conclusão nas palavras do próprio filósofo: “O desejo utópico por uma sociedade igualitária não pode ter surgido por qualquer outro motivo que não a incapacidade de lidar com a própria inveja”.

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