FENÔMENO ELEITORAL
Na eleição de 2002, Luiz Henrique obteve 50,34% dos votos, Amin 49,66%, uma exígua, mas suficiente, diferença de 20.724 votos contra um candidato, até então, considerado imbatível. Agora, em 2006, Luiz Henrique obteve 52,71% dos votos, Amin 47,29%, uma maiúscula diferença de 173.268 votos. De uma eleição para outra, LHS acrescentou ao seu patrimônio eleitoral 172.737 votos, Amin 20.193. Na última eleição, Luiz Henrique venceu em 188 municípios (64,16%, quase dois terços), Amin em 105 municípios (35,84%).
No primeiro turno, Luiz Henrique obteve 66,18%, mais de dois terços, dos votos válidos em Joinville, enquanto Amin fez 43,26 na Capital. No segundo turno, Luiz Henrique aumentou o percentual no seu principal reduto eleitoral para 72,65% (7 de cada 10), enquanto Amin atingiu 60,28% no seu.
Considerando, arbitrariamente, que a conquista de até 55% do eleitorado pode ser vista como um empate técnico (um com 49%, outro com 51%; um com 48%, outro com 52%; e assim por diante), se avaliarmos as performances dos dois candidatos acima desse percentual tem-se que LHS fez mais de 80% em um município, Amin em nenhum; LHS fez mais de 75% em um município, Amin em nenhum; LHS fez mais de 70% em quatro municípios, Amin em nenhum; LHS fez acima de 65% até 70% em 19 municípios, Amin em três; LHS fez acima de 60% até 65% em 35 municípios, Amin em oito; LHS fez acima de 55% até 60% em 124 municípios, Amin em 32.
Esses números são, certamente, resultado da boa avaliação de seu governo e, especialmente, do sucesso da descentralização, somado a uma forte, leal e competente aliança, que permitiu não apenas a sua reeleição, mas, também, dar a Geraldo Alckmin mais de 54% dos votos dos catarinenses e a Raimundo Colombo a maior vitória já alcançada por um político catarinense, 1.734.794 votos, mais de 58% do total, quase um milhão de votos à frente do segundo colocado, além de uma forte e inédita bancada aliada de 27 deputados estaduais e 10 federais.
E tudo isso apesar das baixarias, mentiras e apelações desesperadas praticadas pelo adversário, que, nas últimas semanas, começou a tratar Santa Catarina como um saldão, um fim-de-feira, uma liquidação de ofertas as mais absurdas e irresponsáveis, sem falar da aliança ornitorrinco, ou Frankenstein, verdadeiro abraço de afogados que maculou a história do PT catarinense.
Pensando bem, depois de ouvir Lula dizer que acha correto atribuir ao adversário uma intenção que ele não tem (como a de que iria privatizar tudo), e afirmar, com a maior displicência, que “cabe ao outro desmentir"; depois de ler entrevista do governador eleito da Bahia, Jaques Wagner, em que ele afirma que “os petistas têm o direito de mentir”; pensando bem, e lembrando a forma como agiu o candidato, e bom discípulo petista, Esperidião Amin, talvez eles de fato tenham algo em comum – a falta de pudor, a ausência de limites, a inexistência de valores éticos e morais, a perda da vergonha, da compostura, da lisura, transformando a política num vale-tudo indecoroso.
Por isso tudo, mais o fato, infelizmente pouco valorizado pelos meios de informação, de Luiz Henrique ter renunciado ao governo para, assim, ficar em igualdade de condições com seu oponente, sua reeleição merece mesmo ser considerada um fenômeno. Afinal, desde 1986, portanto 20 anos, nenhum governador lograra fazer o seu sucessor ou se reeleger.
Também merece ser feita uma rápida observação sobre a eleição presidencial. Os petistas, que andam enchendo a boca para incensar o seu “guia genial dos povos”, por ter ele alcançado mais de 60% dos votos, podem baixar a crista, descalçar o salto alto e pensar duas vezes antes de continuar a perseguir jornalistas. Considerando-se os votos de Alckmin, mais as abstenções, os brancos e os nulos, votaram em Lula 58.295.042 eleitores (46,29% dos aptos a votar) e não votaram em Lula 67.617.893 (53,71% dos aptos a votar). Portanto, nós, que não fomos cúmplices da reeleição desse governo que aí está, somos a maioria, quase 10 milhões a mais do que os que, infelizmente, garantiram que Lula fosse “réu-eleito”.
Um comentário:
Fui visitar o Reinaldo Azevedo. De novo? Tava ele lá na biblioteca, com o seu Robert Musil de 864 paginas, mais ensebado que bíblia de crente. Fui conferir se ele tinha a Expedição de Langsdorf, o Trabalhadores do Sebastião Salgado, O Banqueiro dos Pobres de Muhammad Yunus.Que nada, só tinha mais um exemplar do Homem Sem Qualidades (Der Mann ohne eigenschaften), só que com capa dura em azul personalizado. Ah, ia me esquecendo: É la que ele também guarda o terno pretinho. Não entendi, e senti-me muito constrangido em perguntar. Achei pobrinha a bagagem do “Home”, assim meio sem “Aplomb”. Sorumbáticamente despedi-me de tão ilustre figura, pois tinha coisas bem mais agradáveis me esperando.
EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEca, que desperdício de tempo.
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