09 setembro 2012


IDEIAS
Em artigo intitulado “As cinco letras que mudam tudo”, o jornalista J. R. Guzzo cita o ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, como alguém que sabe lidar, ao contrário da maioria de nossos candidatos, com uma palavra capaz de mudar nossas vidas: “ideia”. Ao ler o artigo, lembrei-me de uma conversa que tive com o um amigo, há mais de 10 anos, em que ele lançava no ar uma ideia aparentemente maluca, mas que, na verdade, era genialmente óbvia.
Os semáforos servem para regular o fluxo em momentos de grande movimento, tornando-se supérfluos fora desses picos. Pior, eles se transformam em aliados dos bandidos, obrigando os mais precavidos a reduzirem a velocidade e seguirem em frente mesmo com o sinal vermelho, alimentando a cultura do desrespeito às leis e, pior, com uma justificativa aceitável. Agregue-se o fato de, nas madrugadas dos fins de semana, cruzar um sinal verde, confiando que os baladeiros respeitarão o sinal vermelho, não passa de loteria.
Diante disso, ele indagava se não seria mais inteligente manter os sinais piscando entre 22hs e 5s da manhã. Ideia estranha, fora do quadrado, mas que em poucos anos já era aplicada em praticamente todas as cidades.
Esse introito tenta justificar a ousadia de uma ideia que me parece ser uma resposta às reclamações dos ciclistas em relação ao risco que correm em nossas ruas.
Outro dia ouvi um militante da “causa” dizer: “se a gente tenta desviar de um buraco, corre o risco de morrer”.
Ora, imagine um defensor dos direitos dos ciclistas, conscientizado dos benefícios ambientais dessa prática, que, por motivo de força maior, esteja cometendo o pecado de estar dirigindo o seu carro. Ao ver uma bicicleta à sua frente, ele respeita à risca e com folga o 1,5m exigidos. Eis que, sem o menor aviso, o ciclista, para desviar do tal buraco, dá uma guinada em direção ao meio da rua e – PIMBA! – é abalroado.
O motorista não podia prever a guinada do ciclista e este não tinha visão do que ocorria atrás dele, já que 99% das bicicletas não têm espelho retrovisor.
Portanto, por que razão não se permite que as bicicletas trafeguem no contrafluxo? Assim, o ciclista tem muito mais controle da situação, podendo decidir com mais segurança o que fazer diante de qualquer obstáculo, permitindo-lhe optar entre brecar, desviar para a calçada ou o que mais lhe seja possível fazer para evitar ser abatido.

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