AQUI E ALHURES: A MESMA FARSA
No dia 13 de dezembro de 2006,
publiquei em meu blog um artigo intitulado “GIPSÓFILAS & JABACULÊS”.
Ainda sob os eflúvios do
mensalão, mas descrente de que aquela tenebrosa transação pudesse ter qualquer
consequência, principalmente depois de a oposição fazer ouvidos moucos à
estarrecedora declaração do publicitário Duda Mendonça: "... num determinado momento, o senhor Marcos Valério chamou a
Zilmar e disse assim: 'Traz uma conta lá fora, que fica mais fácil de pagar
vocês'. Para nós era uma coisa esquisita, mas era assim: ou traz a conta lá
fora ou não vai receber a grana", nem mesmo citei aquele escândalo,
para mim já enterrado sob toneladas de incompetência oposicionista e esquecido
sob carradas de cumplicidade jornalística e acadêmica.
Os “malfeitos”, eufemismo
petralha para roubo, crime, assalto aos cofres públicos, continuavam sob novas
formas e com metodologia mais sofisticada. Eles agora usavam todas as
estruturas do Estado democrático e de Direito para solapar as mesmas
instituições que lhes garantiam essa plena e descarada desenvoltura.
O artigo é especialmente
interessante para aqueles milhares de ingênuos que acreditaram no PT em seu
nascedouro e, mais ainda, para os milhões que ainda acreditam que, na origem,
ele era puro e imaculado, tendo-se desvirtuado quando foi “obrigado” a
compor-se com a pútrida e fétida direita.
Leiam e descubram os véus que
desde sempre obnubilaram seus olhos e suas consciências.
Todos os anos, em meados de abril, milhares de
pessoas invadem os bosques franceses em busca daquela delicada flor branquinha,
com que se costuma rechear ramalhetes, chamada gipsófila. É tradição naquele
país presentear os amigos com ramos dessa flor no feriado de 1º de maio, Dia do
Trabalho.
Inteligentemente, o Partido Comunista Francês se
aproveitava desse costume para mobilizar seus militantes em torno da colheita,
cuja renda revertia integralmente para os seus cofres. Segundo informações do
próprio PCF, em 2004 a colheita teria produzido um milhão de pequenos vasos,
que teriam gerado uma receita de Є$ 1,5 milhão de euros (R$ 5,4 milhões de
reais).
Tudo muito bonito e poético, não fosse a revista
francesa "Capital" resolver ouvir um especialista no cultivo de
gipsófila que garantiu ser impossível colher tantas flores em tempo tão exíguo.
Diante dessa informação, e depois de minuciosa investigação, reportagem de capa
da edição de fevereiro de 2004 concluía que a gipsófila era, simplesmente, a
mais poética das formas de se lavar dinheiro sujo.
Tipicamente francês, eu diria. Afinal, foi um
conterrâneo, o moralista La Rochefoucauld, quem cunhou a famosa expressão "a hipocrisia é a homenagem que o vício
presta à virtude".
Por aqui, também já houve um tempo em que o assovio
da poesia e o véu da hipocrisia ocultavam os vícios, simulando a virtude. Era o
tempo dos broches, das camisetas, dos bonés que, como a inocente gipsófila,
funcionavam como lavanderia dos recursos amealhados em prefeituras companheiras.
Hoje, porém, os escrúpulos foram mandados às favas,
optando-se pelo cinismo debochado, pelo escracho escancarado, pela
esculhambação desabrida. Não há mais preocupação sequer com as aparências,
apenas com os resultados.
A eleição presidencial deste ano teve uma
escandalosa quantidade de vícios que macularam o processo eleitoral,
distribuindo benesses claramente programadas e agendadas com esse objetivo.
Ou terá sido coincidência que, depois de três anos
de reajustes pífios, a elevação do salário mínimo este ano tenha sido de 16,7%
para uma inflação de cerca de 5%?
Ou terá sido coincidência a antecipação para
setembro do pagamento de metade do 13º salário dos aposentados e pensionistas
do INSS?
Ou terá sido coincidência a concessão de reajustes a
mais de 110 mil servidores públicos, a um custo de R$ 5,2 bilhões, inclusive
atropelando critérios como o da equivalência salarial com o setor privado?
Ou terá sido coincidência a ampliação do
Bolsa-Família, cujo número de beneficiárias passou de 8,3 milhões para 11,1
milhões só neste ano?
Pelo andar da carruagem, parece que todos esses
malfeitos, além das doações ilegais, serão perdoados pelos nossos tribunais,
impondo-nos mais quatro longos anos de desgoverno. Mas que fique bem claro que
o que se praticou nessa campanha foi o velho “é dando que se recebe”, o carcomido jabaculê, vulgo jabá,
fantasiados de "tudo pelo
social".
Voltando aos franceses, era neles que pensava o guru
petista Carlito Maia quando dizia "quando
a esquerda começa a contar dinheiro, converte-se em direita".
Felizmente, seis meses antes do início da era Lula ele preferiu juntar-se aos
seus velhos amigos Henfil e Betinho. Privou-se do desconforto de ver
confirmadas as suas imprecações contra a esquerda francesa justamente pelas
mãos dos seus fiéis companheiros, a quem doara a criação do slogan “oPTei”.
Se vivo fosse, certamente desoPTaria, por coerência
e aversão à hipocrisia.
Como se pode ver, alhures, com as inocentes gipsófilas, como
aqui, com os broches, as camisetas e os bonés, os métodos foram sempre os
mesmos. Que o diga Celso Daniel.
Um comentário:
Boa Noite,Junqueira!
Peguei seu "site" no blog do Prof.Villa e "vim cá" p/ te conhecer!
Taí,gostei.Achei mto interessante,com comentários seus c/ bastante conteúdo!
Vou colocar seu blog nos meus "preferidos" e sempre que puder,virei visitá-lo para ler coisas boas!
Sou paulista,moro no Litoral Norte e gosto de ler gente interessante!
Sou Zinha Bergamin.
Na web sou apenas Zinha e no twitter sou @Lelezinha.
Boa Noite e até qualquer hora.Prazer em conhecê-lo.
Zinha
Postar um comentário