16 julho 2014

ISRAEL x PALESTINA



Como complemento, dois artigos de Reinaldo Azevedo.

Ecos do conflito israelo-palestino em SP têm até tiros para o alto!!! Ou: As diferenças morais entre Israel e o terrorismo do Hamas

No fim da noite desta terça (15/7), um eco do conflito israelo-palestino se fez ouvir numa pequena praça de São Paulo, no bairro de Higienópolis, que concentra boa parte da comunidade judaica da cidade. Não escolho a palavra “eco” por acaso: reverberava o original, com toda a sua carga de mistificação, de impropriedade e, em certa medida, de violência. Um grupo de muçulmanos e simpatizantes resolveu organizar um protesto em favor dos palestinos e, claro!, contra a ação israelense na Faixa de Gaza. Sabem o local escolhido para o ato? Nada menos do que a Praça Cinquentenário de Israel — onde, diga-se, se queimou uma bandeira do país. A maioria era formada por brasileiros, com ou sem origem árabe, convertidos ao islamismo. E lá estavam também, é evidente, os esquerdistas de sempre, que são anti-Israel apenas porque alguém ainda mais ignorante do que eles próprios lhes disse que isso é ser “progressista”. Mas deixo de lado agora esse particular. Muçulmanos e judeus convivem harmoniosamente no Brasil. Parece que há os que não se conformam com isso e querem importar para o nosso país a política do ódio. Só isso pode explicar o local escolhido para o protesto.

As mistificações correntes na propaganda palestina e que se espalham pela imprensa ocidental, inclusive a nossa, também estavam na praça. Ali e em toda parte a desonestidade intelectual tenta opor um único morto israelense aos estimados 190 mortos “do outro lado”, como se essa disparidade, por si, indicasse quem é o agressor e quem é o agredido. Nesta conta, não entram, por exemplo, os 1.200 foguetes que o Hamas disparou contra Israel em uma semana, a maioria deles interceptada pelo sistema antimísseis de Israel, batizado de “Domo de Ferro”. Mesmo assim, alguns escapam do sistema e caem, sim, do outro lado da fronteira. Há, agora, oficialmente, um morto e dezenas de feridos — Israel, ao contrário do Hamas, prefere não fazer escarcéu com o estrago provocado pelo inimigo. O Hamas está ousado. Na segunda, as forças israelenses interceptaram um drone — uma avião não tripulado. O país enfrenta ainda ataques esporádicos oriundos de milícias instaladas na Síria e, não poderia faltar, do Hezbollah, que domina o sul do Líbano.

Li há pouco, em toda parte, que Israel suspendeu o cessar-fogo e voltou a atacar a Faixa de Gaza. Esses verbos são complicados. O país aceitara uma proposta de trégua feita pelo governo do Egito. O Hamas, no entanto, deu de ombros e continuou a lançar seus mísseis. Numa pracinha minúscula de Higienópolis ou nas grandes praças do mundo, é preciso que fique claro que Israel toma todas as medidas a seu alcance para que seus cidadãos não morram. Para eles, a perda de uma vida significa uma agressão e uma pequena derrota. O terrorismo palestino faz justamente o contrário. É prática corrente nas milícias levar civis para alvos sabidamente militares. Há mesmo a prática deliberada de criar mártires.

Não custa lembrar. Sem apoio interno, hostilizado pela própria população de Gaza, o Hamas aceitou um acordo com o Fatah, a corrente leiga a que pertence Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina. Dias depois, três jovens judeus foram sequestrados e mortos por terroristas. Kaled Meshal, o principal líder do Hamas, que vive no exílio, negou que seu grupo fosse o responsável pelo crime, mas elogiou a ação… Em represália, colonos judeus sequestraram e mataram um adolescente palestino. Os autores já estão presos. Entenderam uma das diferenças?

Tenha você a opinião que tiver sobre o conflito, é preciso que fique claro que, de um lado, há um grupo terrorista que lança mísseis a esmo, caiam onde caírem, sobre a cabeça de quem for. Do outro, há um estado que se defende e que ataca alvos selecionados, militares, depois de prévio aviso. Ou será que Israel deveria devolver a agressão na mesma moeda, jogando mísseis do lado de lá, também ao léu? O país só existe ainda porque sabe se defender — e, se preciso, atacar.

Ah, sim: uma jovem foi presa no protesto em São Paulo em razão, parece, de uma pichação. As pessoas presentes avançaram contra a polícia, e um PM teria dado dois tiros para o alto, não se tem claro ainda com que arma. Não! Eu não recomendo que judeus façam um protesto contra os 1.200 foguetes do Hamas em algum lugar que seja caro aos palestinos. Nessas coisas, é preciso não perder o juízo nem a superioridade moral, coisa que um terrorista jamais terá.

PS: O grupo que protestou em Higienópolis se autointitula “Palestina Para Todos”. O confronto de Israel, hoje, é com o Hamas, que tem entre os primeiro itens do seu estatuto a destruição de… Israel. Seria cômico se trágico não fosse.


Chefão do Hamas confessa: grupo terrorista usa, sim, escudos humanos e ainda convoca população a morrer

Quando se fala que o Hamas recorre a escudos humanos no confronto com Israel, o que, obviamente, provoca um grande número de mortos, muitos críticos da política israelense contestam o que é uma evidência. Dizem que essa afirmação faz parte da máquina de propaganda de Israel. Será mesmo?

Abaixo, há um vídeo do dia 8 deste mês. Trata-se de uma entrevista que o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, concede à Al-Aqsa TV, que é a televisão do Hamas. Prestem atenção, em especial a partir dos 32s. Traduzo na sequência.



A tradução
Entrevistador – As pessoas estão adotando o método dos escudos humanos, que foi bem-sucedido nos tempos do mártir Nyzar Rayan…

Porta-voz – Isso comprova o caráter dos nossos nobres, dos nossos lutadores da Jihad. São pessoas que defendem seus direitos e suas casas com o seu corpo e com o seu sangue. A política de pessoas que enfrentam aviões israelenses de peito aberto, a fim de proteger as suas casas, provou ser eficaz contra a ocupação (israelense). Além disso, essa política reflete o caráter dos nossos bravos, que são pessoas corajosas. Nós, do Hamas, convocamos o nosso povo para que adote essa política, a fim de proteger as casas palestinas.

Voltei
É estupefaciente! Aí está a confissão de que o Hamas adota a prática dos escudos humanos e, pior do que isso, faz dela uma política oficial. Só para esclarecer: Nyzar Rayan era um terrorista religioso do Hamas, que foi morto por Israel em 2009. Para se ter uma ideia: ele enviou um de seus filhos numa missão suicida, que matou dois judeus.

Assim, quando afirmo que Israel busca fazer o menor número de vítimas entre os seus e que o Hamas procura fazer justamente o contrário, não estou a dar uma mera opinião, com base em algum achismo ou em algum preconceito. Sami Abu Zuhri, o porta-voz do movimento terrorista, está dizendo que é assim mesmo. Como ele deixa claro, para o Hamas, a morte enobrece e prova a grandeza dos que oferecem o próprio corpo e o próprio sangue para a causa. Nessa perspectiva macabra, quanto mais mortes, mais, então, o movimento teria com que se regozijar.

É assustador? É sim. Como se nota, não colhi essa informação no material de propaganda “sionista”, como gostam de dizer alguns tolos. Eu estou aqui reproduzindo uma convicção e um credo do próprio Hamas. É fácil sair à rua carregando a bandeira palestina porque, afinal, há 190 mortos de um lado e um do outro. A questão é saber como se produziram esses cadáveres. Um dos chefões deixa claro: trata-se de uma política da morte adotada pelo grupo. E eles convocam a população a aderir. Israel avisa previamente quais são os alvos. A ordem é ficar para morrer.

Nessa perspectiva, quanto mais cadáveres, melhor!

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