C I V I L I Z A Ç Ã O
Série de TV exibida pela BBC no ano de 1969, em 13 episódios, escrita e apresentada pelo historiador de arte britânico Kenneth Clark (1903-1983). Ela é considerada um marco na história dos documentários sobre o assunto, abordando arte, arquitetura e filosofia ocidental.
PARTE 1
Neste primeiro episódio, "Por um Triz", Kenneth Clark trata do fenômeno da "civilização" em si. Ele não a define. Talvez porque a "civilização" seja um daqueles fenômenos tão complexos que nunca consigamos definir apropriadamente. E também porque, apenas 25 anos antes, a 2ª Guerra Mundial e o holocausto haviam colocado em xeque a legitimidade da própria ideia de "civilização ocidental".
Mas ele tenta mostrar o que "entende" por civilização e quais são os ingredientes necessários para que ela floresça. Confiança, vitalidade e um "senso de permanência" são alguns dos ingredientes elencados por ele para o surgimento de uma civilização.
Kenneth Clark também lembra, o que ecoa a Guerra Fria, que civilizações são frágeis e podem ser destruídas. No passado, as civilizações da Grécia e de Roma foram destruídas pelos "bárbaros", ao menos parcialmente.
Aliás, no caso europeu, não fosse Carlos Magno a própria "civilização ocidental", como a conhecemos, não existiria. Daí o título deste primeiro episódio.
PARTE 2
O segundo episódio é "O Grande Degelo". Kenneth Clark propõe neste episódio uma tese no mínimo desafiadora nestes tempos de recuo da religiosidade nos meios "eruditos"; a ideia de que "a civilização ocidental foi basicamente uma criação da Igreja". Para os críticos do cristianismo talvez este seja um estimulante desafio.
PARTE 3
Neste terceiro episódio, "Romance e Realidade", somos confrontados com uma revolução na arquitetura, o amor cortês e os gênios de Francisco de Assis, Giotto e Dante. Kenneth Clark fala sobre a influência e o fascínio que a "Idade das Trevas" ainda hoje exerce sobre nós.
PARTE 4
Inspirado na frase de Protágoras - "O homem é a medida de todas as coisas" - neste quarto episódio Kenneth Clark apresenta a Renascença. A filosofia humanista; a "dignidade" do homem; o retorno aos textos clássicos com maior rigor; a ideia de que o homem pode tudo; o uso simbólico da perspectiva com um tratamento matemático; uma nova estética confiante no indivíduo etc. São alguns dos temas tratados com impressionante erudição. Sem falar dos grandes gênios da Renascença: o arquiteto Brunelleschi, o escultor Donatello, o pintor Botticelli, o escritor Baltassare são alguns dos artistas abordados por Kenneth Clark.
PARTE 5
Os três gigantes da Renascença - Michelangelo, Rafael e Leonardo da Vinci - são o assunto deste quinto episódio da série. A fase heroica da Renascença com a sua mudança do nosso senso de escala do até então acanhado do período medieval e renascentista anterior para uma escala muito maior é o assunto principal. Agora, a criatividade destes gênios encontra em Roma um local apropriado para seu o desenvolvimento e mecenas dispostos a incentivá-los. Isto inevitavelmente reflete-se nas suas obras. Tudo se torna gigantesco, vasto, colossal e heroico.
PARTE 6
O sexto episódio é "Protesto e Comunicação". Com a competência e erudição de sempre, Kenneth Clark aborda a Reforma Protestante, Martinho Lutero e a tradução da Bíblia, o internacionalismo de Erasmo de Roterdã, a inexcedível vaidade de Albrecht Dürer, a reclusão de Michel de Montaigne e o ceticismo de William Shakespeare. Até que ponto o protestantismo foi uma força civilizatória? A invenção da prensa foi uma variável importante para o processo civilizatório? Estas e outras questões são tratadas neste programa.
PARTE 7
O sétimo episódio é "Grandiosidade e Obediência". Kenneth Clark trata da Contra Reforma Católica, o Barroco enquanto arte popular, a fase barroca de Michelangelo, Bernini e o seu inigualável gigantismo arquitetônico. Mas Kenneth Clark termina a sua exposição de tirar o fôlego com um questionamento incisivo: "Eu me pergunto se um único pensamento que tenha ajudado na evolução do espírito humano foi algum dia concebido num enorme aposento?".
PARTE 8
A luz é o tema do oitavo episódio da série com o título "A luz da experiência". Pelo menos desde Platão, a civilização ocidental associa luz à razão, ao pensamento. No século 17, de novo ela foi a inspiração da filosofia de René Descartes, da arte holandesa de Vermeer e Rembrandt e da ciência com Newton. A luz é o tema central que perpassa este episódio que faz um passeio pela aurora da Idade da Razão.
PARTE 9
O nono episódio - "A Procura da Felicidade" - enfoca principalmente a música do século XVIII. A música de Bach a Mozart. Este não é exatamente um período de uma arquitetura ou pintura inovadoras. É período que podemos chamar de profano e que é comumente tratado como "frívolo" pelos historiadores. Contudo, esta mesma época nos deu talvez a melhor música religiosa de todos os tempos: a música divina de Bach.
PARTE 10
O décimo episódio - "O sorriso da razão" - enfoca principalmente o Iluminismo do século XVIII. Quais foram as contribuições dos "Philosophes" para a humanidade? Por que os "philosophes" sorriem no Panteão? Quais são os dilemas da jovem democracia norte-americana? Estas e outras questões são abordadas por Kenneth Clark neste episódio.
PARTE 11
O
décimo primeiro episódio - " O culto da natureza " – enfoca a
substituição da fé cristã pela fé na Natureza. Depois de mil anos como
principal força criativa da humanidade, no começo do século 18 o cristianismo
declinou e, na sociedade intelectual praticamente desapareceu. Deixou um vácuo
que precisava ser preenchido, pois as pessoas não conseguiam seguir em frente
acreditando apenas em si mesmas. Por isso, nos 1oo anos seguintes forjaram uma
nova crença, que, ao fim e ao cabo acrescentou muito à nossa civilização: a fé
na divindade da Natureza.
PARTE 12
O
décimo segundo episódio - "As falácias da esperança" – aborda o final
do século 18, quando os argumentos racionais, com que os filósofos tentaram
organizar a sociedade, começam a declinar, dando início à fuga da razão e às
tempestades que se seguiram. A ânsia por liberdade, que efervescia por debaixo
das pedras do século 18, irrompe sem controle, ou impulsionada por teorias
equivocadas.
PARTE 13
Neste último episódio - "Heroico Materialismo" -, Kenneth Clark tenta confrontar o pessimismo da Guerra Fria. Ele afirma que "o marxismo falhou moral e intelectualmente" e que "só nos sobrou o heroico materialismo".
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