Blog Reinaldo Azevedo
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Tio Rei tranqüiliza os “aspiras” da esquerda intelectual
Capitão Nascimento, o kantiano rústico, como o chamei em artigo na VEJA, continua a ser alvo dos foucaultianos polidos. Os "aspiras" da esquerda intelectual são mesmo idealistas. Marx olharia pra eles com desconsolo. Gastou mais tinta e papel com os mortos de mentirinha de Tropa de Elite — é chato lembrar, sei disso, mas o filme é ficção, viu, pessoal!? — do que com os de verdade nos morros do Rio. Eu entendo o motivo. Acreditem: a exemplo do que acontece com o narcotráfico, também esta é uma disputa por território.
Diretor, roteiristas, atores, todos eles já foram levados a fazer um mea-culpa e a negar, de pés juntos e mãos postas, que o filme defenda a tortura ou a ilegalidade. E não defende mesmo, é claro. Se as platéias aplaudem aqui e ali — no cinema em que vi, as pessoas ficaram muito comportadas —, é porque, de fato, se cansaram da corrupção da polícia e da política, da inércia do estado, do abandono a que estão relegadas. Sim, talvez fosse de bom tom que essa gente não fosse tão malcriada e entendesse os motivos de nossos bandoleiros primitivos. Mas vocês sabem como esse povo está sempre muito abaixo da moralidade de nossos intelectuais.
Volto ao ponto. A despeito de todos os atos de contrição das pessoas envolvidas com o filme, resta a obra. E ela, de fato, não perdoa a doce tolerância ou conivência da classe média — da Dona Zelite — com o narcotráfico. É a primeira vez que o cinema brasileiro se abre para o dissenso. Pouco me importa se seus realizadores queriam isso. É o que acabou acontecendo. E o filme é um sucesso.
A esquerda intelectual reage porque não quer esse estranho em seu ninho. Que papo é esse, agora, de lembrar que as pessoas têm responsabilidades individuais e fazem escolhas? Isso é terrível porque questiona um edifício teórico gigantesco. No dia em que o pobre ou o rico não mais forem vistos segundo as lentes da alienação ou da má consciência, o esquerdista não terá mais como entender o mundo. De fato, o seu “oprimido” não é uma pessoa, mas um dado de uma equação.
Queria tranqüilizar os mais nervosos, os "aspiras". Tudo voltará a seu eixo em breve. Trata-se apenas de um filme, não de uma nova era. Na história do cinema mundial, Capitão Nascimento não é o primeiro “malvado” a se tornar ídolo. O próprio José Padilha já lembrou o caso e é fato: quem não torcia por Michael Corleone, por exemplo? O Brasil fez seu primeiro filme (nos EUA, por exemplo, há milhares) em que a polícia também tem um discurso. Mas isso não mudará o padrão de resignação de Banânia.
Relaxe, 01!!! Pode voltar, como diria Drummond, a se ocupar de estrelas e outros “substantivos celestes” porque a maioria dos nossos artistas continuará a promover a justiça social nas telas, nas novelas, até nas tirinhas de humor dos jornais. Se há coisa que o Brasil produz com competência ímpar é justiça social na ficção. Com o apoio da Petrobras, da Caixa e da Lei Rouanet.
Tropa de Elite é exceção — daí o espantoso sucesso. A regra continuará a ser filmes “esquerdisticamente” corretos e sem público. Como diria o Apedeuta: “tranquilis”. Não há a menor chance de “a direita” invadir o Morro do Alemão mental que dá as cartas na produção cultural.
2 comentários:
Meu nome é Giuseppe Campos Vicentini. Acredito que uma das causas mais cruéis da fome, trabalho escravo, exploração sexual e injustiça social é o impedimento do crescimento (individual e coletivo) dos cidadãos pela corrupção ativa e passiva, a qual é responsável pela perda de milhões de Reais originalmente destinados a fazer o bem coletivo. Para combater a corrupção política, o tráfico de influências e os desvios de recursos eu e um grupo de 306 pessoas (hoje) consideramos essencial que as decisões passem pelas mãos do cidadão comum! Isso já está em operação na Itália, na Suíça, na Suécia e em todas as cidades brasileiras que tem ORÇAMENTO PARTICIPATIVO (como BH). É nosso intuito consolidar esse tipo de pratica, de votações regulares, para engajar todos os cidadãos brasileiros na luta pela igualdade de oportunidades e pela retidão no trato com o bem público. Somos pessoas comuns (pessoas físicas) mobilizadas pela vontade de fazer o NOVO e o BOM para todos (quase todos!...). Por favor, divulgue essa nossa luta!
Você pode ver mais no blog – http://vozdasgerais.blogspot.com
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Ola Junqueira
Te vi no blog do Reinaldo e vim xeretar teu blog!
É muito divertido e interessante.
Porque não postaste mais?
Tens talento! Vamos lá!
Grande abraço
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