IDEIAS
Em artigo intitulado “As cinco letras
que mudam tudo”, o jornalista J. R. Guzzo cita o ex-prefeito
de Bogotá, Enrique Peñalosa, como alguém que sabe lidar, ao contrário da
maioria de nossos candidatos, com uma palavra capaz de mudar nossas vidas:
“ideia”. Ao ler o artigo, lembrei-me de uma conversa que tive com o um amigo,
há mais de 10 anos, em que ele lançava no ar uma ideia aparentemente maluca,
mas que, na verdade, era genialmente óbvia.
Os semáforos servem para regular o fluxo
em momentos de grande movimento, tornando-se supérfluos fora desses picos.
Pior, eles se transformam em aliados dos bandidos, obrigando os mais precavidos
a reduzirem a velocidade e seguirem em frente mesmo com o sinal vermelho,
alimentando a cultura do desrespeito às leis e, pior, com uma justificativa aceitável.
Agregue-se o fato de, nas madrugadas dos fins de semana, cruzar um sinal verde,
confiando que os baladeiros respeitarão o sinal vermelho, não passa de loteria.
Diante disso, ele indagava se não seria
mais inteligente manter os sinais piscando entre 22hs e 5s da manhã. Ideia
estranha, fora do quadrado, mas que em poucos anos já era aplicada em
praticamente todas as cidades.

Outro dia ouvi um militante da “causa” dizer:
“se a gente tenta desviar de um buraco, corre o risco de morrer”.
Ora, imagine um defensor dos direitos
dos ciclistas, conscientizado dos benefícios ambientais dessa prática, que, por
motivo de força maior, esteja cometendo o pecado de estar dirigindo o seu carro.
Ao ver uma bicicleta à sua frente, ele respeita à risca e com folga o 1,5m
exigidos. Eis que, sem o menor aviso, o ciclista, para desviar do tal buraco,
dá uma guinada em direção ao meio da rua e – PIMBA! – é abalroado.
O motorista não podia prever a guinada
do ciclista e este não tinha visão do que ocorria atrás dele, já que 99% das
bicicletas não têm espelho retrovisor.
Portanto, por que razão não se permite
que as bicicletas trafeguem no contrafluxo? Assim, o ciclista tem muito mais
controle da situação, podendo decidir com mais segurança o que fazer diante de qualquer
obstáculo, permitindo-lhe optar entre brecar, desviar para a calçada ou o que
mais lhe seja possível fazer para evitar ser abatido.