30 julho 2014

ISRAEL-HAMAS


Hillel C. Neuer é diretor executivo da UN Watch, Organização de Direitos Humanos com sede em Genebra, na Suiça - cuja missão é monitorar o desempenho da Organização das Nações Unidas pelo critério de sua própria Carta.

18 julho 2014

O FILHO DO HAMAS

Em 1987, o xeque palestino Hassan Yousef foi um dos sete fundadores do Hamas, grupo extremista islâmico que atua na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Os radicais da organização já comandaram 350 atentados contra israelenses provocando mais de 500 mortes.

Seu filho, Mosab Hassan Yousef, 32 anos, é o autor do livro Filho do Hamas. Na obra, revela como colaborou para o serviço secreto israelense, o Shin Bet, e explica por que converteu-se ao cristianismo.


Abaixo, impressionante depoimento de Mosab Hassan Yousef, filho de um dos dos fundadores do Hamas, convertido ao cristianismo.


PROGRAMA MILÊNIO



DISCURSO NO CONGRESSO ALEMÃO-ISRAELENSE - 2001


Esta entrevista é fantástica!


Megyn Kelly: …O nosso próximo convidado é o filho de um dos fundadores do Hamas e diz que uma paz duradoura nunca será possível. Seu pai, um líder do grupo terrorista, foi preso no começo deste verão, por ligação com o sequestro e o assassinato de três adolescentes israelenses. Este crime é tido como o detonador do [atual] conflito mortal entre Israel e o Hamas (…). Quando o mundo começou a ver imagens como essas, emergidas das crianças vítimas nesta luta, Mosab Hassan Yousef se sentiu no dever de se pronunciar, na esperança de lançar luz sobre a ideologia do Hamas.

Mosab Hassan Yousef é o filho do fundador do Hamas, xeque Hassan Yousef, e ele é também o autor de “Filho do Hamas”. Ele estrela o documentário “The Green Prince” ["O príncipe verde", adaptado do livro Filho do Hamas e cujo título faz referência à sua filiação e à cor da bandeira do grupo islâmico]. Mosab, bom ver você nesta noite. Muito obrigado por estar aqui. Vamos começar com isso: por que você acredita que uma paz duradoura nunca vai acontecer?

Mosab Hassan Yousef: Paz entre Israel e Hamas nunca vai acontecer. Porque Israel é uma democracia, Hamas é uma organização terrorista, uma organização ideológica. Existe uma possibilidade de paz entre Israel e os palestinos. Isto é possível. Mas não entre Israel e Hamas.

Kelly: Seu pai co-fundou o que nosso Departamento de Estado diz que é um grupo terrorista; o que você [também] diz que é um grupo terrorista. Como eles começaram a doutrinar você?

Yousef: Quando eu era uma criança, a primeira intifada palestina começou. Nós testemunhamos violência, muitas pessoas estavam morrendo, nós odiávamos Israel… Depois a segunda intifada palestina veio e implementou os ataques suicidas, e nós culpávamos Israel. E eu costumava pensar que Israel era o inimigo, sem saber como o meu pai e sua organização eram apenas uma ferramenta nas mãos de alguns poderes regionais que impulsionavam o Hamas e o encorajavam a matar, e lutar contra Israel, apenas por ganhos políticos. E, a certa altura, eu fiquei realmente cansado desse jogo e escolhi um caminho diferente para a minha vida.

Kelly: Quando você vê essas imagens que nós estamos vendo agora, essas crianças palestinas mortas, feridas, confusas… E eu perguntei ao atual embaixador de Israel nos Estados Unidos na noite passada no programa sobre o medo de que Israel, lutando esta batalha, atice o ódio na próxima geração. Você acredita que isto é um risco de fato? E como nós podemos evitar que isto aconteça?

Yousef: Bem, é um risco. E eu acho que haverá mais gerações para odiar Israel. E eu acho que Israel não tem opção a não ser se defender. Agora: o único jeito, creio eu, de lutar contra uma organização como o Hamas é desmascará-la, expondo a ideologia deles, o que eles defendem. O Hamas não é um partido político. Não é sequer uma organização palestina. O Hamas sequestrou o que é chamado de “causa palestina” e se infiltrou na sociedade para impor sua agenda político-ideológica. Eu gostaria de lembrar ao povo palestino o que o Hamas fez com o partido rival deles, o Fatah, em Gaza, quando o Hamas assumiu o controle alguns anos atrás. Eles mataram os membros do Fatah do mesmo modo como estão matando soldados israelenses hoje. O Hamas não se importa com as vidas dos palestinos. Não pense por um segundo, por favor, que o Hamas se importa com o sangue das crianças. Eles querem que as crianças de Gaza morram. Isto é o que dá a eles a simpatia do mundo árabe e islâmico; e isto é o que condena Israel internacionalmente. Este é o jogo deles, e eles estão felizes com isso.

Kelly: Quando eu ouço você falando sobre isso, e nós já ouvimos isto antes, eu imagino o que você pensa sobre como nós, os Estados Unidos, e o nosso presidente estamos lidando com isso. Quando você ouve o presidente: ele condena as táticas do Hamas, mas ele também tem palavras duras contra Israel a respeito da morte de civis…

Yousef: O que eu gostaria de ver do presidente dos Estados Unidos é que não fosse amador aqui nesta situação. Israel é uma democracia. E desde Sócrates e Platão, democracias não negociam com terroristas ou organizações terroristas. Enquanto o Hamas insistir e continuar a ser uma organização terrorista, usando a força para impor sua agenda político-ideológica, eu acho que todas as democracias têm de se unir na luta contra esse tipo de organização. Se nós fracassarmos na luta contra o Hamas, amanhã vai haver cem Hamas. E eles se aproveitarão da nossa divisão e do nosso desacordo.

Kelly: Há uma quantificação do que está acontecendo, quero dizer, o presidente está certo de estar apontando as vítimas civis?

Yousef: Bem, de novo: o que eu gostaria de ver do presidente da potência suprema deste mundo é que não considere lados, nem sequer tente ser equilibrado. Ele fica desequilibrado quando tenta ser um mediador nesta situação. Ele precisa ficar do lado de Israel, não porque Israel defende todos os valores americanos e os valores do mundo livre sozinho, mas porque o Hamas é o inimigo dos Estados Unidos da América, o Hamas é o inimigo do mundo livre. E o que Israel está fazendo hoje na região é lutar em favor de todas as pessoas livres desta civilização.

Kelly: Mosab, você é um jovem muito corajoso. Muito obrigado por ter vindo ao programa.

Yousef: Obrigado.

Kelly: Extraordinário...
OS FALSOS ÍNDIOS FABRICADOS

16 julho 2014

PRISIONEIRO DO CAMPO 14
Quem ainda não leu, leia o livro. É terrível!!!

ISRAEL x PALESTINA



Como complemento, dois artigos de Reinaldo Azevedo.

Ecos do conflito israelo-palestino em SP têm até tiros para o alto!!! Ou: As diferenças morais entre Israel e o terrorismo do Hamas

No fim da noite desta terça (15/7), um eco do conflito israelo-palestino se fez ouvir numa pequena praça de São Paulo, no bairro de Higienópolis, que concentra boa parte da comunidade judaica da cidade. Não escolho a palavra “eco” por acaso: reverberava o original, com toda a sua carga de mistificação, de impropriedade e, em certa medida, de violência. Um grupo de muçulmanos e simpatizantes resolveu organizar um protesto em favor dos palestinos e, claro!, contra a ação israelense na Faixa de Gaza. Sabem o local escolhido para o ato? Nada menos do que a Praça Cinquentenário de Israel — onde, diga-se, se queimou uma bandeira do país. A maioria era formada por brasileiros, com ou sem origem árabe, convertidos ao islamismo. E lá estavam também, é evidente, os esquerdistas de sempre, que são anti-Israel apenas porque alguém ainda mais ignorante do que eles próprios lhes disse que isso é ser “progressista”. Mas deixo de lado agora esse particular. Muçulmanos e judeus convivem harmoniosamente no Brasil. Parece que há os que não se conformam com isso e querem importar para o nosso país a política do ódio. Só isso pode explicar o local escolhido para o protesto.

As mistificações correntes na propaganda palestina e que se espalham pela imprensa ocidental, inclusive a nossa, também estavam na praça. Ali e em toda parte a desonestidade intelectual tenta opor um único morto israelense aos estimados 190 mortos “do outro lado”, como se essa disparidade, por si, indicasse quem é o agressor e quem é o agredido. Nesta conta, não entram, por exemplo, os 1.200 foguetes que o Hamas disparou contra Israel em uma semana, a maioria deles interceptada pelo sistema antimísseis de Israel, batizado de “Domo de Ferro”. Mesmo assim, alguns escapam do sistema e caem, sim, do outro lado da fronteira. Há, agora, oficialmente, um morto e dezenas de feridos — Israel, ao contrário do Hamas, prefere não fazer escarcéu com o estrago provocado pelo inimigo. O Hamas está ousado. Na segunda, as forças israelenses interceptaram um drone — uma avião não tripulado. O país enfrenta ainda ataques esporádicos oriundos de milícias instaladas na Síria e, não poderia faltar, do Hezbollah, que domina o sul do Líbano.

Li há pouco, em toda parte, que Israel suspendeu o cessar-fogo e voltou a atacar a Faixa de Gaza. Esses verbos são complicados. O país aceitara uma proposta de trégua feita pelo governo do Egito. O Hamas, no entanto, deu de ombros e continuou a lançar seus mísseis. Numa pracinha minúscula de Higienópolis ou nas grandes praças do mundo, é preciso que fique claro que Israel toma todas as medidas a seu alcance para que seus cidadãos não morram. Para eles, a perda de uma vida significa uma agressão e uma pequena derrota. O terrorismo palestino faz justamente o contrário. É prática corrente nas milícias levar civis para alvos sabidamente militares. Há mesmo a prática deliberada de criar mártires.

Não custa lembrar. Sem apoio interno, hostilizado pela própria população de Gaza, o Hamas aceitou um acordo com o Fatah, a corrente leiga a que pertence Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina. Dias depois, três jovens judeus foram sequestrados e mortos por terroristas. Kaled Meshal, o principal líder do Hamas, que vive no exílio, negou que seu grupo fosse o responsável pelo crime, mas elogiou a ação… Em represália, colonos judeus sequestraram e mataram um adolescente palestino. Os autores já estão presos. Entenderam uma das diferenças?

Tenha você a opinião que tiver sobre o conflito, é preciso que fique claro que, de um lado, há um grupo terrorista que lança mísseis a esmo, caiam onde caírem, sobre a cabeça de quem for. Do outro, há um estado que se defende e que ataca alvos selecionados, militares, depois de prévio aviso. Ou será que Israel deveria devolver a agressão na mesma moeda, jogando mísseis do lado de lá, também ao léu? O país só existe ainda porque sabe se defender — e, se preciso, atacar.

Ah, sim: uma jovem foi presa no protesto em São Paulo em razão, parece, de uma pichação. As pessoas presentes avançaram contra a polícia, e um PM teria dado dois tiros para o alto, não se tem claro ainda com que arma. Não! Eu não recomendo que judeus façam um protesto contra os 1.200 foguetes do Hamas em algum lugar que seja caro aos palestinos. Nessas coisas, é preciso não perder o juízo nem a superioridade moral, coisa que um terrorista jamais terá.

PS: O grupo que protestou em Higienópolis se autointitula “Palestina Para Todos”. O confronto de Israel, hoje, é com o Hamas, que tem entre os primeiro itens do seu estatuto a destruição de… Israel. Seria cômico se trágico não fosse.


Chefão do Hamas confessa: grupo terrorista usa, sim, escudos humanos e ainda convoca população a morrer

Quando se fala que o Hamas recorre a escudos humanos no confronto com Israel, o que, obviamente, provoca um grande número de mortos, muitos críticos da política israelense contestam o que é uma evidência. Dizem que essa afirmação faz parte da máquina de propaganda de Israel. Será mesmo?

Abaixo, há um vídeo do dia 8 deste mês. Trata-se de uma entrevista que o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, concede à Al-Aqsa TV, que é a televisão do Hamas. Prestem atenção, em especial a partir dos 32s. Traduzo na sequência.



A tradução
Entrevistador – As pessoas estão adotando o método dos escudos humanos, que foi bem-sucedido nos tempos do mártir Nyzar Rayan…

Porta-voz – Isso comprova o caráter dos nossos nobres, dos nossos lutadores da Jihad. São pessoas que defendem seus direitos e suas casas com o seu corpo e com o seu sangue. A política de pessoas que enfrentam aviões israelenses de peito aberto, a fim de proteger as suas casas, provou ser eficaz contra a ocupação (israelense). Além disso, essa política reflete o caráter dos nossos bravos, que são pessoas corajosas. Nós, do Hamas, convocamos o nosso povo para que adote essa política, a fim de proteger as casas palestinas.

Voltei
É estupefaciente! Aí está a confissão de que o Hamas adota a prática dos escudos humanos e, pior do que isso, faz dela uma política oficial. Só para esclarecer: Nyzar Rayan era um terrorista religioso do Hamas, que foi morto por Israel em 2009. Para se ter uma ideia: ele enviou um de seus filhos numa missão suicida, que matou dois judeus.

Assim, quando afirmo que Israel busca fazer o menor número de vítimas entre os seus e que o Hamas procura fazer justamente o contrário, não estou a dar uma mera opinião, com base em algum achismo ou em algum preconceito. Sami Abu Zuhri, o porta-voz do movimento terrorista, está dizendo que é assim mesmo. Como ele deixa claro, para o Hamas, a morte enobrece e prova a grandeza dos que oferecem o próprio corpo e o próprio sangue para a causa. Nessa perspectiva macabra, quanto mais mortes, mais, então, o movimento teria com que se regozijar.

É assustador? É sim. Como se nota, não colhi essa informação no material de propaganda “sionista”, como gostam de dizer alguns tolos. Eu estou aqui reproduzindo uma convicção e um credo do próprio Hamas. É fácil sair à rua carregando a bandeira palestina porque, afinal, há 190 mortos de um lado e um do outro. A questão é saber como se produziram esses cadáveres. Um dos chefões deixa claro: trata-se de uma política da morte adotada pelo grupo. E eles convocam a população a aderir. Israel avisa previamente quais são os alvos. A ordem é ficar para morrer.

Nessa perspectiva, quanto mais cadáveres, melhor!

12 julho 2014

C I V I L I Z A Ç Ã O
Série de TV exibida pela BBC no ano de 1969, em 13 episódios, escrita e apresentada pelo historiador de arte britânico Kenneth Clark (1903-1983). Ela é considerada um marco na história dos documentários sobre o assunto, abordando arte, arquitetura e filosofia ocidental.

PARTE 1
Neste primeiro episódio, "Por um Triz", Kenneth Clark trata do fenômeno da "civilização" em si. Ele não a define. Talvez porque a "civilização" seja um daqueles fenômenos tão complexos que nunca consigamos definir apropriadamente. E também porque, apenas 25 anos antes, a 2ª Guerra Mundial e o holocausto haviam colocado em xeque a legitimidade da própria ideia de "civilização ocidental".
Mas ele tenta mostrar o que "entende" por civilização e quais são os ingredientes necessários para que ela floresça. Confiança, vitalidade e um "senso de permanência" são alguns dos ingredientes elencados por ele para o surgimento de uma civilização.
Kenneth Clark também lembra, o que ecoa a Guerra Fria, que civilizações são frágeis e podem ser destruídas. No passado, as civilizações da Grécia e de Roma foram destruídas pelos "bárbaros", ao menos parcialmente.
Aliás, no caso europeu, não fosse Carlos Magno a própria "civilização ocidental", como a conhecemos, não existiria. Daí o título deste primeiro episódio.



PARTE 2
O segundo episódio é "O Grande Degelo". Kenneth Clark propõe neste episódio uma tese no mínimo desafiadora nestes tempos de recuo da religiosidade nos meios "eruditos"; a ideia de que "a civilização ocidental foi basicamente uma criação da Igreja". Para os críticos do cristianismo talvez este seja um estimulante desafio.



PARTE 3
Neste terceiro episódio, "Romance e Realidade", somos confrontados com uma revolução na arquitetura, o amor cortês e os gênios de Francisco de Assis, Giotto e Dante. Kenneth Clark fala sobre a influência e o fascínio que a "Idade das Trevas" ainda hoje exerce sobre nós.



PARTE 4
Inspirado na frase de Protágoras - "O homem é a medida de todas as coisas" - neste quarto episódio Kenneth Clark apresenta a Renascença. A filosofia humanista; a "dignidade" do homem; o retorno aos textos clássicos com maior rigor; a ideia de que o homem pode tudo; o uso simbólico da perspectiva com um tratamento matemático; uma nova estética confiante no indivíduo etc. São alguns dos temas tratados com impressionante erudição. Sem falar dos grandes gênios da Renascença: o arquiteto Brunelleschi, o escultor Donatello, o pintor Botticelli, o escritor Baltassare são alguns dos artistas abordados por Kenneth Clark.



PARTE 5
Os três gigantes da Renascença - Michelangelo, Rafael e Leonardo da Vinci - são o assunto deste quinto episódio da série. A fase heroica da Renascença com a sua mudança do nosso senso de escala do até então acanhado do período medieval e renascentista anterior para uma escala muito maior é o assunto principal. Agora, a criatividade destes gênios encontra em Roma um local apropriado para seu o desenvolvimento e mecenas dispostos a incentivá-los. Isto inevitavelmente reflete-se nas suas obras. Tudo se torna gigantesco, vasto, colossal e heroico.



PARTE 6
O sexto episódio é "Protesto e Comunicação". Com a competência e erudição de sempre, Kenneth Clark aborda a Reforma Protestante, Martinho Lutero e a tradução da Bíblia, o internacionalismo de Erasmo de Roterdã, a inexcedível vaidade de Albrecht Dürer, a reclusão de Michel de Montaigne e o ceticismo de William Shakespeare. Até que ponto o protestantismo foi uma força civilizatória? A invenção da prensa foi uma variável importante para o processo civilizatório? Estas e outras questões são tratadas neste programa.



PARTE 7
O sétimo episódio é "Grandiosidade e Obediência". Kenneth Clark trata da Contra Reforma Católica, o Barroco enquanto arte popular, a fase barroca de Michelangelo, Bernini e o seu inigualável gigantismo arquitetônico. Mas Kenneth Clark termina a sua exposição de tirar o fôlego com um questionamento incisivo: "Eu me pergunto se um único pensamento que tenha ajudado na evolução do espírito humano foi algum dia concebido num enorme aposento?".



PARTE 8
A luz é o tema do oitavo episódio da série com o título "A luz da experiência". Pelo menos desde Platão, a civilização ocidental associa luz à razão, ao pensamento. No século 17, de novo ela foi a inspiração da filosofia de René Descartes, da arte holandesa de Vermeer e Rembrandt e da ciência com Newton. A luz é o tema central que perpassa este episódio que faz um passeio pela aurora da Idade da Razão.



PARTE 9
O nono episódio - "A Procura da Felicidade" - enfoca principalmente a música do século XVIII. A música de Bach a Mozart. Este não é exatamente um período de uma arquitetura ou pintura inovadoras. É período que podemos chamar de profano e que é comumente tratado como "frívolo" pelos historiadores. Contudo, esta mesma época nos deu talvez a melhor música religiosa de todos os tempos: a música divina de Bach.



PARTE 10
O décimo episódio - "O sorriso da razão" - enfoca principalmente o Iluminismo do século XVIII. Quais foram as contribuições dos "Philosophes" para a humanidade? Por que os "philosophes" sorriem no Panteão? Quais são os dilemas da jovem democracia norte-americana? Estas e outras questões são abordadas por Kenneth Clark neste episódio.



PARTE 11
O décimo primeiro episódio - " O culto da natureza " – enfoca a substituição da fé cristã pela fé na Natureza. Depois de mil anos como principal força criativa da humanidade, no começo do século 18 o cristianismo declinou e, na sociedade intelectual praticamente desapareceu. Deixou um vácuo que precisava ser preenchido, pois as pessoas não conseguiam seguir em frente acreditando apenas em si mesmas. Por isso, nos 1oo anos seguintes forjaram uma nova crença, que, ao fim e ao cabo acrescentou muito à nossa civilização: a fé na divindade da Natureza.



PARTE 12
O décimo segundo episódio - "As falácias da esperança" – aborda o final do século 18, quando os argumentos racionais, com que os filósofos tentaram organizar a sociedade, começam a declinar, dando início à fuga da razão e às tempestades que se seguiram. A ânsia por liberdade, que efervescia por debaixo das pedras do século 18, irrompe sem controle, ou impulsionada por teorias equivocadas.



PARTE 13
Neste último episódio - "Heroico Materialismo" -, Kenneth Clark tenta confrontar o pessimismo da Guerra Fria. Ele afirma que "o marxismo falhou moral e intelectualmente" e que "só nos sobrou o heroico materialismo".

08 julho 2014

O BURGUÊS SEGUNDO MARX

Olavo de Carvalho
22 de Setembro de 2011


Um dos mais queridos entretenimentos dos marxistas, desde há um século e meio, tem sido defender Karl Marx da acusação de economicismo. Longe de reduzir tudo às causas econômicas, dizem eles, o autor de O Capital enxergava no processo histórico a ação simultânea de um complexo de fatores, incluindo o cultural e o religioso, onde a economia só viria a predominar “em última instância”, cedendo freqüentemente o passo às demais forças. A imagem de um Karl Marx obsediado pela onipotência da economia é, alegam, uma redução pejorativa, criada para fins de propaganda pelos críticos burgueses.

Há alguma verdade nisso. Marx não era nenhum simplório, sujeito a deixar-se embriagar pela obsessão da causa única, mágica, universalmente explicativa.

Acontece, no entanto, que toda a engenhoca explicativa do marxismo não foi concebida como pura filosofia, e sim como instrumento prático de destruição da sociedade burguesa, e há nela uma nítida defasagem entre a teoria geral da História e a sua aplicação ao capitalismo em especial.

Ao descrever o funcionamento da sociedade burguesa, Karl Marx, alegando que assim procede por motivos de ordem metodológica, faz abstração dos demais fatores – culturais, políticos, éticos, religiosos etc. – e reduz tudo à operação da mais-valia: o truque sujo mediante o qual o “valor” da mercadoria, definido como a quantidade de trabalho necessário para produzi-la, é subtraído aos trabalhadores e embolsado pelo burguês. Não interessa, aqui e agora, contestar a teoria da mais-valia. Eugen Von Böhm-Bawerk já fez isso melhor do que jamais alguém poderá fazê-lo de novo em A Teoria da Exploração do Comunismo-Socialismo(ver aqui)

O importante é notar que, de tudo aquilo que veio ao mundo como elemento constitutivo da sociedade burguesa – o humanismo, a ética protestante, a democracia parlamentar, os direitos civis, a liberdade de imprensa, as eleições, o sistema judiciário independente, a previdência social, as leis de proteção às mulheres e crianças, a escolarização das camadas pobres, a aplicação universal da ciência e da técnica ao melhoramento da vida humana – não sobra, na definição marxista do capitalismo, nada. Capitalismo é exploração da mais-valia: ponto final. Tudo o mais é elemento acidental e secundário, que a “força da abstração” (sic) deve desprezar para se concentrar no essencial.

Uma vez montado esse recorte metodológico e descrita na sua lógica interna a “essência do capitalismo”, todos os elementos que foram inicialmente removidos para fora do foco são declarados retroativamente irrelevantes de fato e reduzidos a “superestruturas”, aparências ou camuflagens ideológicas do mecanismo central que tudo absorve e explica.

O “burguês” pode então ser desenhado como o usurpador por excelência, o sanguessuga, o vampiro que engorda extraindo as últimas gotas de energia da classe trabalhadora, e que ainda tem o cinismo de adornar esse crime com as belezas enganosas da cultura moderna, da religião e da assistência social.

A obsessão economicista que não se pode imputar a Marx na sua compreensão geral da História é assim restaurada com força total no desenho odiento, monstruosamente unilateral e caricatural, que ele traça do capitalismo e do burguês. Mas, como esse desenho e o rancor que ele despeja sobre a figura do burguês são declaradamente os objetivos finais da obra inteira de Karl Marx, toda a abertura que ele concede à multiplicidade dos demais fatores é apenas uma concessão provisória destinada a camuflar e preparar o economicismo brutal e cru com que ele fomenta a revolta contra a burguesia.

Marx não faz o mínimo esforço para demonstrar que a exploração da mais-valia é a causa substancial por trás de todos os benefícios trazidos à humanidade pela cultura da época burguesa. Ao contrário, ele apela a um expediente que, pelo seu contágio, viria a se tornar endêmico entre hordas inteiras de praticantes das “ciências sociais”: excluir do campo de enfoque pedaços enormes do objeto estudado e depois, sem a mais mínima razão, dar por demonstrado que são irrelevantes, ilusórios ou inexistentes. O que era pura restrição de método torna-se, por um passe de mágica, uma afirmação objetiva sobre a estrutura da realidade. O efeito persuasivo não se obtém por nenhum acúmulo de provas ou demonstrações, mas pela concentração hipnótica no fator escolhido como “essencial”, cuja longa e exaustiva análise ocupa o horizonte inteiro das consciências, removendo tudo o mais para uma distância onde se torna invisível. Que a presença histórica de alguns fatores extra-econômicos tenha precedido de séculos o advento do capitalismo industrial é, portanto, algo que não precisa ser levado em conta, nem explicado. Sem o protestantismo e o humanismo, que remontam ao século XVI, nada de sociedade burguesa, mas para que remexer o passado? As provas não apenas ficam ausentes, mas são criteriosamente evitadas: qualquer tentativa de examinar os elementos excluídos terminaria por trazê-los de novo para o centro do quadro, desfazendo em fumaça o efeito da concentração hipnótica.

Não espanta que isso tenha realmente sucedido a vários discípulos devotos, que, no empenho de provar a veracidade do marxismo, acabaram por dissolvê-lo numa variedade de enfoques causais que não têm de marxista senão o nome. Isso já começa com Lênin: a teoria da “vanguarda” partidária que se antecipa ao proletariado e o cria depois da revolução suprime desde logo a idéia dos proletários como forças primordiais da transformação histórica e, de um só golpe, torna inviável qualquer tentativa de definir em termos econômicos as classes antagônicas. Por essa via, o historiador marxista inglês E. P. Thompson chegou à conclusão de que é impossível, mediante critérios de pura economia, distinguir um proletário de um burguês. Herbert Marcuse demite ostensivamente o proletariado da função de classe revolucionária, colocando em lugar dele os estudantes pequeno-burgueses e o Lumpenproletariat que Marx desprezava: bandidos, prostitutas, cantores de boate, drogados, bêbados e malucos em geral. Antonio Gramsci prefere os intelectuais. E Ernesto Laclau proclama que nem é preciso uma classe revolucionária existente: a mera força da propaganda cria a classe revolucionária do nada.

Uma teoria que, para conservar seu prestígio, tem de ser levada a dizer o contrário do que dizia não é, com efeito, teoria nenhuma: é apenas o símbolo unificador de um grupo de interesses heterogêneos, que se define, se indefine e se redefine conforme bem lhe interessa no momento, com a inventividade insana dos oportunistas, dos mitômanos e dos criminosos pegos em flagrante.