06 setembro 2006

CUIDA DO MAIS IMPORTANTE


Em tempos de campanha eleitoral, em que o ex-ministro da Pesca diz saber resolver todos os problemas de Santa Catarina mas é surpreendido por pescadores fechando portos (Itajaí e Rio Grande do Sul) em protesto contra o descaso do Governo Federal em relação às suas demandas.

Em tempos em que o ex-governador Amin reclama de traição, abandonado por partidos e lideranças que já o acompanharam em outras jornadas, mas não se pergunta o que terá ele feito para ser assim renegado por ex-companheiros.
Nesses tempos de análise e reflexão por parte do eleitorado, reproduzo uma historinha que dá uma boa pista daquilo que, muitas vezes, determina o sucesso de uns e o insucesso de outros.

Certa vez, um jovem recebeu do rei a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a outro rei de uma terra distante. Para isso, recebeu o melhor cavalo do reino para levá-lo na jornada.
- Cuida do mais importante e cumprirás a missão!, disse o soberano ao despedir-se.
O jovem escondeu a mensagem na bainha da calça, colocou as pedras numa bolsa de couro amarrada à cintura, sob as vestes, e, logo cedo, sumiu no horizonte, sem cogitar a hipótese de falhar. Queria que todo o reino soubesse que era um nobre e valente rapaz, pronto para desposar a princesa.
Para cumprir rapidamente a tarefa, abandonava a estrada, pegava atalhos que sacrificavam sua montaria, exigindo-a ao máximo. Quando parava em uma estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe aliviava da sela nem da carga e não se preocupava em dar-lhe de beber ou providenciar alguma ração.
- Assim, meu jovem, acabará perdendo o animal – disse-lhe alguém.
- Não me importo - respondeu ele. Tenho dinheiro. Se este morrer, compro outro. Nenhuma falta fará.
Com o passar dos dias e sob tamanho esforço, o pobre animal, não suportando os maus tratos, caiu morto na estrada. O jovem o amaldiçoou e seguiu o caminho a pé.
Passadas algumas horas, se deu conta da falta que lhe fazia o animal, pois nessa parte do país havia poucas fazendas, muito distantes umas das outras. Exausto e sedento, já havia deixado pelo caminho toda a tralha, exceto as pedras, fiel à recomendação do rei: "Cuida do mais importante!".
Seu passo tornava-se curto e lento. As paradas eram freqüentes e longas. Como sabia que poderia cair a qualquer momento e temendo ser assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota. Mais tarde, caiu exausto no pó da estrada, onde ficou desacordado. Para sua sorte, uma caravana de mercadores que seguia viagem para o seu reino, encontrou-o e cuidou dele.
Ao recobrar os sentidos, encontrou-se de volta em sua cidade. Imediatamente foi encontrar o rei para contar o que havia acontecido. Com a maior desfaçatez, colocou toda a culpa do insucesso nas costas do cavalo "fraco e doente" que recebera.
- "Porém, majestade, conforme sua recomendação de cuidar do mais importante, aqui estão as pedras que me confiaste. Não perdi uma sequer!".
O rei as recebeu com tristeza e se despediu friamente. Abatido, o jovem deixou o palácio arrasado. Em casa, ao tirar a roupa, encontrou na bainha da calça a mensagem do rei, que dizia: "Ao meu irmão, rei da terra do Norte! O jovem que te envio é candidato a casar-se com minha filha. Esta jornada é uma prova. Dei a ele alguns diamantes e o melhor cavalo do reino. Recomendei que cuidasse do mais Importante. Faze-me, portanto, um grande favor. Verifica o estado do cavalo. Se estiver forte e viçoso, saberei que o jovem aprecia a fidelidade e a força de quem o auxilia na jornada. Se, porém, perder o animal e apenas guardar as pedras, não será um bom marido, nem rei, pois terá olhos apenas para o tesouro do reino e não dará importância à rainha e nem àqueles que o servem".
Há, nessa historinha singela, um sem número de lições a serem decifradas e compreendidas por ganhadores e perdedores das próximas eleições.

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