QUE TIPO DE ANO TIVEMOS?

No seu livro “Degraus”, da primeira década do século passado, o poeta e escritor alemão Christian Morgenstern dava um sábio conselho: “O melhor método de educação para uma criança é arranjar-lhe uma boa mãe”. Decorridos cem anos, no início deste século uma pesquisa internacional revelou que crianças nascidas em famílias com grau universitário, que cultivam o hábito da leitura e ajudam os filhos nas tarefas escolares tinham suas chances de sucesso multiplicadas.


Até por ter tudo a ver com o tema acima abordado, não posso deixar de comentar, também, o absurdo atentado praticado pelos nossos parlamentares, que pretendiam se autoconceder um aumento de 90% em seus vencimentos.
Felizmente, alguns poucos e dignos deputados reagiram e fizeram com que o STF considerasse inconstitucional aquela aberração, verdadeiro acinte contra os cidadãos trabalhadores e pagadores de impostos.
No entanto, uma grave questão permanece solta no ar: de que vale o empenho e a luta por fazer das nossas escolas verdadeiras usinas de cidadãos honrados e conscientes se o exemplo que lhes vem do alto é, geralmente, moralmente pervertido, eticamente corrompido?
Sobre isso, o músico, filósofo, teólogo, médico e missionário alemão Albert Schweitzer, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1952 e um dos precursores da Bioética, era cirúrgico, preciso, certeiro: “Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única”.

Há poucos dias, Lula recebeu o título de “Homem do Ano” da revista Istoé, aquela mesma que alugou suas páginas para que os “aloprados” petistas plantassem uma denúncia falsa com o objetivo de melar a eleição paulista. No caso, cabe como uma luva a boutade: “Ele foi eleito o Homem do Ano. Para você ver que tipo de ano tivemos!”.
A conclusão pessimista é de que “a mais árdua tarefa das crianças hoje em dia é aprender boas maneiras sem ver nenhuma”, frase atribuída a Fred Astaire, que se, de fato, for seu autor, agrega mais uma à sua coleção de virtudes.
A conclusão otimista é de que a sociedade, que às vezes parece adormecida, enfeitiçada, entorpecida, como se viu na reeleição de Lula e de tantos mensaleiros, vez por outra resolve dar um basta! ao excesso de canalhices que nos infelicita.
Adeus, 2006! Já vais tarde!
Bem-vindo, 2007!