11 dezembro 2012


GOERING E VERMEER

Hermann Goering fundou a Gestapo, em 1933, e entregou seu comando a Himmler. Foi nomeado comandante-chefe da Luftwaffe e era o imediato de Hitler e seu sucessor designado.


No entanto, sua posição ficou substancialmente enfraquecida a partir de 1942, devido à incapacidade da Luftwaffe de cumprir com os seus objetivos.

Em função disso, retirou-se quase por completo da cena política e militar e concentrou-se na pilhagem ou compra de propriedades e de objetos de arte, grande parte retiradas das vítimas judaicas do Holocausto.

Graças ao poder que ainda detinha, saiu pela Europa roubando, extorquindo e, às vezes, comprando várias pinturas para sua coleção.

O que ele mais desejava era um Vermeer, pois Hitler tinha dois e ele nenhum.

Finalmente, encontrou um holandês, chamado Han van Meegeren, que lhe vendeu um maravilhoso Vermeer, pelo equivalente hoje a 10 milhões de dólares.

Meegeren
E esta sempre foi sua obra preferida...

The Woman Taken in Adultery, também chamada de Christ and the Adulteress
Quando a II Guerra terminou, ao vasculhar sua casa os aliados encontraram várias obras de arte e foram atrás das pessoas que as haviam vendido a ele.


A polícia holandesa localizou e prendeu Van Meegeren em Amsterdã.

Ele foi acusado do crime de traição e sentenciado à morte, afinal, havia alienado uma joia do patrimônio nacional.

Seis semanas após sua sentença, ele confessou. Mas não como traidor.

Ele disse: "Eu não vendi uma obra de arte para aquele nazista. Eu mesmo a pintei. Eu sou um falsário".

Mas ninguém acreditou nele. E ele disse: "Eu posso provar. Tragam-me uma tela e algumas tintas e eu pintarei um Vermeer ainda melhor do que o que vendi para aquele nazista nojento. Eu também preciso de álcool e morfina, pois só assim consigo trabalhar".


Tudo foi providenciado e, diante de juízes, peritos e jornalistas, ele, de fato, pintou um magnífico Vermeer.

Jesus among the Doctors, também chamado de Young Christ in the Temple
As acusações de traição foram retiradas, substituídas por outra mais branda de falsificação, com pena de um ano.

Mas o ilustre vigarista, beberrão e mulherengo nem teve tempo de cumprir a leve pena que lhe foi imposta, pois logo morreu de um fulminante infarto.

Também não pode curtir a sensação de ter se tornado um herói para os holandeses, afinal, havia feito de bobo um dos mais destacados nazistas.

Voltando a Goering, ele foi preso na Áustria, para onde tinha fugido, em 8 de maio de 1945. Em entrevistas ao psiquiatra Leon Goldensohn, refletiu sobre a ascensão do nazismo, repisou a tese da inferioridade de outros povos e declarou ser o maior opositor do Comunismo na Alemanha.

Arrogante, atuou como líder dos acusados no Julgamento de Nuremberg e defendeu-se vigorosamente durante o julgamento, mas as provas, testemunhos e evidências contra seus crimes o condenaram à morte pela forca, por crimes contra a humanidade, crimes contra a paz e crimes de guerra.



Até mesmo para um nazista ele foi um homem terrível. Foi o único nazista de alto-escalão que, de maneira documentada, autorizou o estudo e os preparativos da chamada "Solução Final". Um memorando com sua assinatura foi apresentado no tribunal de Nuremberg, onde ele ordenava a Reinhard Heydrich que lhe fosse submetido o mais rapidamente possível os detalhes práticos para a "desejada solução final da questão judia".


Seus interrogadores americanos o descreveram como um psicopata amigável.

Mas o âmago da sua aberração pôde ser vista na sua reação ao saber que sua pintura favorita era, na verdade, uma falsificação. De acordo com seu biógrafo: "Era como se pela primeira vez tivesse descoberto que há mal no mundo".

E se matou pouco tempo depois, ingerindo cianeto na noite anterior à sua execução.

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