14 fevereiro 2017

RESPEITO

Num casamento, como na vida, todo e qualquer feito pode ser bem feito ou malfeito, tanto no eito como no leito.

Com isso, fica-se ora satisfeito, ora insatisfeito, como em todo o pleito, mas, havendo amor, perfeito, imperfeito ou rarefeito, sempre se dá um jeito.

O importante é não ficar contrafeito diante de qualquer defeito, seja suspeito ou de direito.


Melhor tirar o máximo proveito de qualquer pequeno efeito, ainda que estreito, rendendo o preito e ofertando o confeito que merece o sujeito, pois que é o seu eleito, aceito dentro de seu peito como um amor-perfeito.

RESPEITO

Respeito é bom, e eu gosto!, diz o dito popular. Mas o que é Respeito?

Para definir o que seja Respeito, e discutir a sua importância, seja no casamento, seja na vida em geral, uma boa solução é conhecer o que seria o seu contrário ou a sua ausência.

O contrário do Respeito é o Desrespeito; a sua ausência, a Falta de Respeito.

Quem desrespeita revela desconsideração, uma espécie de desprezo, de negação do espaço, da individualidade do outro.

Faltar com o respeito devido a alguém é o mesmo que admitir que não o admiramos, que não enxergamos nada que mereça a nossa consideração. É negar os seus valores, a sua história, a sua personalidade.

Em alguns casos, essa negação ou essa ausência denuncia um despeito oculto em relação ao outro, uma rivalidade, uma competição daninha que, pouco a pouco, esteriliza o campo onde deveria florescer a amizade, o companheirismo, a cumplicidade... o amor.

No casamento, o desrespeito ou a falta de respeito tem as mesmas propriedades de um ácido (cáustico, corrosivo, venenoso), de um fungo (cuja nutrição se dá por absorção), de uma bactéria (que parasita e decompõe).

E o Respeito, o que seria?

Nada parecido com obediência, acatamento, medo ou receio. Essa é a deformação do Respeito, o temor reverencial, em que um dos pólos se subjuga, anula-se frente ao seu oposto.

Nada a ver com a admiração basbaque, pois como bem disse o Padre Antônio Vieira: A admiração é filha da ignorância, porque ninguém se admira senão das coisas que ignora”.

Portanto, o respeito tem tudo a ver com a consideração, que é a estima, o afeto que passamos a ter por algo ou alguém após exame detido, análise refletida, ponderação decantada pelo tempo, ou seja, por algo ou alguém que se conhece, que não se ignora.

Admiramos com o coração, mas respeitamos com a razão.

Respeitar, então, seria admirar aquilo que conhecemos, valorizando atos e ações, aceitando erros e defeitos, compreendendo falhas e deslizes, pois tudo isso faria parte daquele conjunto que passamos a admirar, considerar, estimar.

Respeitar também é não forçar a alma do outro sem o seu consentimento. Nem para mudá-la a fórceps, nem para mantê-la congelada in vitro. Respeitar é deixar livre o caminho para o crescimento pessoal, sem que o despeito se rebele contra a ascensão do outro.

Respeitar é sentir prazer com o êxito do outro, regozijar-se com a realização do outro.

Respeitar é preservar a intimidade e zelar pela imagem do parceiro.

Respeitar é dar atenção, preservando a individualidade. É dar carinho, preservando a independência. É dar amor, preservando o espaço.

Respeitar é admirar mesmo as imperfeições do outro, é compreender e aceitar o que há de precário no outro.

Mais do que com o coração, com os sentidos, com a carne, respeitar é amar com alma.

É poder dizer: “Te amo por quem tu és, mas ainda mais por quem sou quando estou contigo”.

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