Num
casamento, como na vida, todo e qualquer feito pode ser bem feito ou malfeito,
tanto no eito como no leito.
Com isso,
fica-se ora satisfeito, ora insatisfeito, como em todo o pleito, mas, havendo
amor, perfeito, imperfeito ou rarefeito, sempre se dá um jeito.
O
importante é não ficar contrafeito diante de qualquer defeito, seja suspeito ou
de direito.
Melhor
tirar o máximo proveito de qualquer pequeno efeito, ainda que estreito,
rendendo o preito e ofertando o confeito que merece o sujeito, pois que é o seu
eleito, aceito dentro de seu peito como um amor-perfeito.
RESPEITO
Respeito é bom,
e eu gosto!, diz o dito popular. Mas o que é Respeito?
Para definir o que
seja Respeito, e discutir a sua importância, seja no casamento, seja na vida em
geral, uma boa solução é conhecer o que seria o seu contrário ou a sua
ausência.
O contrário do
Respeito é o Desrespeito; a sua ausência, a Falta de Respeito.
Quem
desrespeita revela desconsideração, uma espécie de desprezo, de negação do espaço, da individualidade
do outro.
Faltar com o
respeito devido a alguém é o mesmo que admitir que não o admiramos, que não
enxergamos nada que mereça a nossa consideração. É negar os seus valores, a sua
história, a sua personalidade.
Em alguns casos, essa
negação ou essa ausência denuncia um despeito oculto em relação ao outro, uma rivalidade,
uma competição daninha que, pouco a pouco, esteriliza o campo onde deveria
florescer a amizade, o companheirismo, a cumplicidade... o amor.
No casamento, o
desrespeito ou a falta de respeito tem as mesmas propriedades de um ácido (cáustico, corrosivo, venenoso), de um fungo (cuja nutrição
se dá por absorção), de uma
bactéria (que parasita e decompõe).
E o Respeito, o
que seria?
Nada parecido
com obediência, acatamento, medo ou receio. Essa é a deformação do Respeito, o
temor reverencial, em que um dos pólos se subjuga, anula-se frente ao seu
oposto.
Nada a ver com
a admiração basbaque, pois como bem disse o Padre Antônio Vieira: “A admiração é filha da ignorância, porque ninguém se admira senão das
coisas que ignora”.
Portanto, o
respeito tem tudo a ver com a consideração, que é a estima, o afeto que
passamos a ter por algo ou alguém após exame detido, análise refletida,
ponderação decantada pelo tempo, ou seja, por algo ou alguém que se conhece,
que não se ignora.
Admiramos com o
coração, mas respeitamos com a razão.
Respeitar,
então, seria admirar aquilo que conhecemos, valorizando atos e ações, aceitando
erros e defeitos, compreendendo falhas e deslizes, pois tudo isso faria parte
daquele conjunto que passamos a admirar, considerar, estimar.
Respeitar
também é não forçar a alma do outro sem o seu
consentimento. Nem para mudá-la a fórceps, nem para mantê-la congelada in
vitro. Respeitar é deixar livre o caminho para o crescimento pessoal, sem que o despeito se
rebele contra a ascensão do outro.
Respeitar é
sentir prazer com o êxito do outro, regozijar-se com a realização do outro.
Respeitar é
preservar a intimidade e zelar pela imagem do parceiro.
Respeitar é dar
atenção, preservando a individualidade. É dar carinho, preservando a
independência. É dar amor, preservando o espaço.
Respeitar é
admirar mesmo as imperfeições do outro, é compreender e aceitar o que há de
precário no outro.
Mais do que com
o coração, com os sentidos, com a carne, respeitar é amar com alma.
É poder dizer: “Te amo por quem tu és, mas ainda mais por
quem sou quando estou contigo”.
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