13 julho 2006

VENALIDADE NA OPOSIÇÃO

Existem dois Vieirões: o que era governo e o que é oposição.
Quando ele era governo, deixou restos a pagar de R$ 344 milhões. Agora, que está na oposição, virou uma espécie de Parreira, ensinando os outros como esticar o meião.
Quando ele era governo, usou o servidor como massa de manobra, deixando-os dois anos e sete meses sem o salário atrasado pela gestão anterior. Agora, que está na oposição, virou uma espécie de sindicalista radical chic.
Quando ele era governo, entregou a secretaria da Saúde com uma dívida de curto prazo de 58 milhões de reais. Agora, que está na oposição, aderiu gostosamente à turma da bravata.
Quando ele era governo, deixou a Celesc acumular prejuízo de R$ 290 milhões de reais. Agora, que está na oposição, acha que tudo é uma questão de ´vontade política´, o governo só não faz o que não quer fazer, pois é cruel, insensível, ´do mal´.

Quando ele era governo, deixou a Casan sangrar até quase quebrar, não honrando, inclusive, uma prestação vencida com o Banco Mundial, de R$ 13 milhões de reais. Agora, que está na oposição, sai por aí, como um pseudo Catão, brandindo: “Delenda Luiz”.
Quando ele era governo, deixou de honrar precatórios no valor de R$ 95 milhões de reais. Agora, que está na oposição, vive nos jornais e nas tribunas, tal qual um Chapolim decrépito, recitando: "Não contavam com minha astúcia".
Quando ele era governo, deixou a dívida pública fundada explodir, em apenas quatro anos, de R$ 3 bilhões de reais para R$ 8 bilhões de reais, sangrando nosso caixa em R$ 50 milhões de reais todo mês. Agora, que está na oposição, faz o que pode, e o que não pode, para dificultar a vida dos que o sucederam.

Quando ele era governo, teceu uma poderosa rede de relacionamentos, o que lhe garantiu, junto com uma desabrida invasão em searas alheias, a folgada eleição que o levou à Assembléia Legislativa, o que me traz à lembrança a frase do escritor francês La Rochefoucauld: "O renome de grandes homens deve ser sempre medido pelos meios que utilizaram para consegui-lo”. Agora, que está na oposição, transformou-se em ´cavalo´ do Inquisidor-Geral Torquemada, acendendo suas fogueiras da intolerância.
Quando ele era governo, achava que aquele Terceiro Reich duraria mil anos. Agora, que está na oposição, faz-nos recordar de outro escritor francês, Henry Rabusson, que dizia: “Os únicos defeitos verdadeiramente grandes são aqueles de que nos orgulhamos como qualidades”.

Quando ele era governo, rezava pela cartilha de Diderot: “Ignoro o que sejam princípios, a não ser que se tratem de regras que se prescrevem aos outros para nosso proveito”. Agora, que está na oposição, dá razão ao poeta inglês Robert Browning: "O demônio é mais diabólico quando parece respeitável”.
Quando ele era governo, achava que uma boa campanha eleitoral bastaria para engabelar o cidadão.
Enganou-se.


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ORIGEM DA CRÍTICA

Realidade ou ilusão
Existem dois governos em Santa Catarina: o da vida real e o da propaganda. No governo da vida real, a Polícia Militar raciona gasolina, diesel e álcool, e a Polícia Civil, também. No mundo real, nem o Corpo de Bombeiros passa incólume: "Quando temos um problema em algum caminhão (do 1º Batalhão), consultamos as unidades mais próximas para saber se podemos baixar o nosso. Se uma outra unidade estiver sem o veículo, não podemos consertar o nosso", desabafou um sargento.
Um soldado do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), de Florianópolis, declarou ao jornal que são realizadas "algumas rondas pelo continente onde o batalhão está localizado e fica por isso mesmo". Não tem gasolina.
Em Palhoça, os policiais P2 estão sem automóveis há dois meses. E os policiais designados para a segurança da Festa do Divino no município foram caminhando do quartel ao local da festa, percorrendo cinco quilômetros.
A sede da Polícia Ambiental, recém-construída à beira-mar, ao lado da cabeceira da ponte Pedro Ivo Campos, está com graves rachaduras e terá de ser abandonada. O governo real governa muito mal.
Já o governo da propaganda, ah, esse é bom. O contraste é tão gritante que alguém ainda vai exigir gravemente: "Quero o governo da propaganda".
De fato, inflada por dezenas de milhões de reais, a publicidade tenta incutir no imaginário dos catarinenses um governo maravilhoso, como o bordão do horário eleitoral gratuito do PMDB: "Genteee, a educação em Santa Catarina é fantásticaaa!"
Mas, na vida real, pais de alunos protestam contra a defasagem do ensino e reivindicam mais qualidade na educação. Uma mãe de aluno do Instituto Estadual da Educação (IEE), o maior colégio público do Estado, lamentou: "As crianças estão levando os livros para passear, porque o conteúdo simplesmente não avança" (DC, 21/6/2006).
Essa mãe exibiu o caderno de matemática do filho, para mostrar que na 5ª série ainda aprendia a somar, dividir, diminuir e multiplicar.
A publicidade consome boa parte dos recursos públicos. Recursos que faltam para a gasolina da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil, mas faltam também para a saúde, educação, para melhorar o salário dos professores, e por aí vai.
A Secretaria da Agricultura não tem recursos para o programa de troca-troca de sementes e calcário e jamais teve para continuar o programa de reflorestamento com adiantamento de renda. A Fazenda não tem como honrar mais de 1.800 convênios com municípios e entidades da sociedade civil. E a Secretaria da Educação, por sua vez, não tem honrado o repasse das bolsas para estudantes carentes.
Esse governo acha que uma boa campanha publicitária agora, no período eleitoral, bastará para engabelar o cidadão. Está enganado?
Antônio Carlos Vieira, deputado estadual

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