09 agosto 2006

VAYA CON DIOS!


Caso Fidel Castro estivesse lúcido, são ou vivo (sim, vivo, porque o regime é tão fechado que ninguém pode afirmar sequer que ele esteja vivo), hoje Cuba estaria recebendo uma legião de adoradores do ditador. Brasileiros em penca! Venezuelanos em cacho! Intelectuais franceses a rodo! Todos entoando loas às excelsas qualidades do regime comunista cubano e soprando as 80 velinhas do bolo presidencial.


Todos esquecidos de que há em Cuba, hoje, 316 presos políticos, mais de 40 condenados à pena de morte. De que para a Anistia Internacional, 81 são considerados prisioneiros de consciência. De que segundo a associação internacional “Repórteres sem Fronteira”, 27 são jornalistas, detidos desde 2003. De que “El Comandante”, ao longo de cinco décadas, foi responsável por, no mínimo, 15 mil assassinatos, ou, segundo cálculos mais realistas, 140 mil.


Aos mais realistas do que o rei, que podem ter comichão de rebater tal heresia, tenho arquivado um exemplar de Veja de 13/7/1977, onde, em longa entrevista, o ditador afirma, com a maior sem-cerimônia: “Deve haver uns 2.000 ou 3.000 presos políticos. Em certo momento houve em Cuba uns 15.000 presos políticos. Ou mais. Tivemos de prendê-los, e tivemos de submeter alguns a penas severas, longas. Isso é verdade, sim”. Disse mais o grande líder: “Quando triunfou nossa revolução, aqueles que haviam assassinado milhares de nossos compatriotas, e os que haviam torturado dezenas de milhares de cubanos, esses nós julgamos segundo as leis revolucionárias, em tribunais revolucionários. E os maiores criminosos, os responsáveis pelos casos mais graves de torturas e maus-tratos, foram condenados e fuzilados”.


Joseph Goebbels costumava dizer "quando ouço falar em cultura, saco logo o meu revólver". Teorizando sobre o multiculturalismo, o sociólogo e crítico cultural esloveno abre duas outras vertentes para essa questão. A do cínico produtor de cinema em Mépris, de Godard: "quando ouço falar em cultura, tiro logo o talão de cheques”, e a réplica iluminista: “quando ouço a palavra revólver, lanço mão da cultura”.


Portanto, quando se ouve a candidata Heloisa Helena falar que “o socialismo é a maior declaração de amor à humanidade”, deve-se, imediatamente, sacar da mochila um livrinho de história.


Uma boa sugestão é o Livro Negro do Comunismo, publicado na França, em 1997. Seus autores, por paradoxal que possa parecer, são marxistas. O coordenador da equipe é Stéphane Courtois, ex-diretor da revista Communisme, ex-maoísta, hoje anarquista.


Nele se pode aprender que, enquanto o nazismo gerou 25 milhões de mortos, em menos de 50 anos o comunismo foi responsável por 100 milhões de mortos! E isso apesar de os autores minimizarem as cifras. A Comissão sobre Repressão do governo russo, por exemplo, concluiu que os bolchevistas mataram pelo menos 43 milhões de pessoas entre 1917 e 1953, enquanto o livro contabiliza “apenas” 20 milhões. Na Coréia do Norte, a agência católica Zenit informa que o comunismo matou de fome 3,5 milhões, sete vezes mais do que os autores informam. Os números “modestos” do livro são os seguintes: URSS, 20 milhões de mortos; China, 65 milhões; Vietnã, 1 milhão; Coréia do Norte, 2 milhões; Camboja, 2 milhões; Leste-Europeu, 1 milhão; América Latina, 250 mil; África, 1,7 milhão; Afeganistão, 1,5 milhão.

Ou seja, bem ao contrário do que diz a candidata Heloisa, os regimes comunistas foram a maior declaração de guerra à humanidade.
Genocide Memorial - Choeung Ek - Camboja
 Um dos pré-requisitos básicos da cultura é a memória. Não foi por outra razão que o ditador genocida do Camboja, Pol Pot, descreveu assim o seu ideário: "A memória é nossa inimiga. A amnésia, nosso programa”.


Quando vemos nosso país sendo assaltado por PCCs, MSTs, mensaleiros, sanguessugas, quando vemos as pesquisas cantando vitória para o presidente que lidera e abençoa tudo isso, quando chega o momento de, nas urnas, darmos a nossa contribuição à história do nosso país, não podemos nos esquecer de que aqueles facínoras também defendiam uma utopia igualitária e libertária que tudo justificava, acreditando que exterminar milhões não importava, porque daí nasceria um mundo novo, um homem novo.


Vaya con Dios, camarada Fidel Alejandro Castro Ruz!


Se Ele aceitá-lo...

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